quarta-feira, 9 de julho de 2014

Conselho de Segurança vai analisar conflito árabe israelense


Reuters

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, irá se dirigir ao Conselho de Segurança da entidade na quinta-feira para tratar da escalada das hostilidades entre Israel e os palestinos, que ele descreveu como uma situação "perturbadora e volátil". O organismo, que conta com 15 membros, irá se reunir às 11h de quinta-feira (10) para discutir a violência que ameaça descambar para as piores hostilidades entre Israel e os militantes do Hamas em Gaza desde a guerra de oito dias, em 2012.

Ruanda, que preside o conselho até julho, disse que Ban e os embaixadores israelense e palestino farão uma declaração pública antes das consultas a portas fechadas.

Os ataques aéreos de Israel atingiram Gaza em intervalos de poucos minutos nesta quarta-feira (9). Militantes mantiveram os disparos de foguetes no coração de Israel em um conflito crescente que autoridades palestinas disseram já ter matado pelo menos 47 pessoas. "Gaza está no fio da navalha", afirmou Ban. "Condeno firmemente os múltiplos ataques com foguetes de Gaza para Israel. Tais ataques são inaceitáveis e devem parar".

"Também exorto [o primeiro-ministro israelense Benjamin] Netanyahu a exercer o máximo comedimento e a respeitar as obrigações internacionais para proteger os civis. Condeno o número crescente de vidas civis perdidas em Gaza", declarou o secretário.

Ban passou o dia falando com líderes regionais e mundiais, incluindo Netanyahu; o presidente palestino, Mahmoud Abbas; o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry; o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi; o rei da Arábia saudita e o emir do Qatar.

"Os líderes regionais têm um papel vital a desempenhar, e exorto o presidente Sisi e outros para que ajudem a facilitar um retorno ao acordo de cessar-fogo de novembro de 2012", declarou Ban. "O risco de expansão da violência é real. Gaza, e a região como um todo, não podem se dar ao luxo de outra guerra em larga escala".

O Cairo mediou uma trégua no conflito dois anos atrás, mas a hostilidade do atual governo militar em relação aos islâmicos em geral e ao Hamas, a quem acusa de auxiliar companheiros militantes na península egípcia do Sinai, pode dificultar uma mediação. O Hamas nega as alegações.

Conheça os pontos da negociação entre Israel e palestinos
  • Estado palestino 
    Os palestinos querem um Estado plenamente soberano e independente na Cisjordânia e na faixa de Gaza, com a capital em Jerusalém Oriental. Israel quer um Estado palestino desmilitarizado, presença militar no Vale da Cisjordânia da Jordânia e manutenção do controle de seu espaço aéreo e das fronteiras exteriores
  • Fronteiras e assentamentos judeus 
    Os palestinos querem que Israel saia dos territórios que ocupou após a Guerra dos Seis Dias (1967) e desmantele por completo os assentamentos judeus. Qualquer área dada aos israelenses seria recompensada. Israel descarta voltar às fronteiras anteriores a 1967, mas aceita deixar partes da Cisjordânia se puder anexar os maiores assentamentos. Israel já retirou tropas e população da faixa de Gaza.
  • Jerusalém 
    Israel anexou a área árabe da Jordânia após 1967 e não aceita a dividir Jerusalém por considerar o local o centro político e religioso da população judia. Já os palestinos querem o leste de Jerusalém como capital do futuro Estado da Palestina. O leste de Jerusalém é considerado um dos lugares sagrados do Islã. A comunidade não reconhece a anexação feita por Israel.
  • Refugiados 
    Há cerca de 5 milhões de refugiados palestinos, a maioria deles descendentes dos 760 mil palestinos que foram expulsos de suas terras na criação do Estado de Israel, em 1948. Os palestinos exigem que Israel reconheça seu "direito ao retorno", o que Israel rejeita por temer a destruição do Estado de Israel pela demografia. Já Israel quer que os palestinos reconheçam seu Estado.
  • Segurança 
    Israel teme que um Estado palestino caia nas mãos do grupo extremista Hamas e seja usado para atacar os judeus. Por isso, insiste em manter medidas de segurança no vale do rio Jordão e pedem que o Estado palestino seja amplamente desmilitarizado. Já os palestinos querem que seu Estado tenha o máximo de atributos de um Estado comum.
  • Água 
    Israel controla a maioria das fontes subterrâneas da Cisjordânia. Os palestinos querem uma distribuição mais igualitária do recurso.

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