domingo, 14 de setembro de 2014

Ovinocultura no Brasil - visão geral.

O Brasil apresenta condições geográficas e climáticas favoráveis à produção de carne ovina. Em 2010 o efetivo de ovinos no Brasil foi de 17.380.581 animais, apresentando um aumento de 3,4% quando comparado a 2009. Dentre as regiões brasileiras o Centro-Oeste apresentou maior crescimento em 2010, com 12,4%, seguido pela região Norte com 7,1%, Nordeste com 3,0%, Sudeste com 2,6% e Sul com 1,6%. A região Nordeste, apesar de não ter apresentado o maior crescimento em 2010 é a região que possui o maior efetivo de ovinos para produção de carne e leite, com 56,7% de todo o efetivo nacional (IBGE, 2010).

A ovinocultura de corte no Brasil possui alto potencial de crescimento, já que a produção atual não atende a demanda do mercado consumidor, sendo necessária a importação do produto. Apesar de seu potencial de crescimento o efetivo de ovinos sofreu pouca alteração nos últimos anos. Isso ocorre, principalmente, devido a diversos fatores que afetam negativamente a estruturação da ovinocultura no Brasil. Dentre esses fatores estão: o sistema de produção, a escala de produção e constância do fornecimento, o padrão animal, o número de abatedouros e abates clandestinos, preços e importação. Além disso, a ovinocultura sofre com o problema da falta de informação de alguns pecuaristas, que associam a criação e manejo de ovinos às de bovinos e acabam fazendo um manejo equivocado e criando uma expectativa de produção e renda que nem sempre é alcançada, resultando em abandono e críticas a atividade, prejudicando o setor (Reis, 2009).


O Brasil importa carne ovina, sendo o Uruguai o principal fornecedor. A carne ovina uruguaia compete em preço com a carne brasileira e ainda recebe um rótulo de carne especial, ou carne de qualidade superior. Essa competitividade da carne ovina importada afeta os preços pagos ao produtor, além disso, possuem uma maior aceitação dos consumidores em relação à carne ovina brasileira (Viana, 2008). 
 
Atualmente o consumo de carne ovina per capta no Brasil é de, aproximadamente, 0,7kg (FAO, 2007) e é muito baixo quando comparado ao consumo de carne bovina, de frango e suína, respectivamente, 36,5kg, 29,9kg e 10,5kg (Tupy, 2003). Mesmo com um consumo per capta baixo a produção no Brasil ainda não é suficiente, assim, o uso de estratégias que possam levar a um aumento no consumo pode tornar este setor ainda mais atrativo. 

Disponibilizar uma ampla variedade de cortes para que todas as classes sociais tenham acesso à carne ovina, estratégias de marketing e, principalmente, melhorar a estruturação da ovinocultura de corte, através da organização dos produtores e aplicação de sistemas de produção viáveis, fornecendo carne de qualidade ao consumidor, são os desafios da atual ovinocultura de corte no Brasil.


Macedo et al., 2000 pesquisaram diferentes sistemas de produção e observaram que a terminação dos cordeiros foi mais viável em confinamento, de acordo com a avaliação dos custos do sistema. O confinamento tem sido base das propostas de sistemas de produção para o Brasil, mas também se faz necessária a validação de sistemas a pasto e melhoramento genético animal para elevar a competitividade da carne ovina brasileira.

No cenário mundial a ovinocultura também é promissora, estima-se um crescimento anual de 2,1% durante o período de 2005 a 2014 (FAO, 2007). A Austrália e Nova Zelândia controlam o mercado internacional da carne e lã. No entanto, é esperado queda no número de cordeiros abatidos na Austrália, devido à má condição das pastagens e elevação no preço dos grãos, além disso, o aumento na demanda interna pode diminuir as exportações da Austrália em 7%. Também é esperado queda na exportação da Nova Zelândia, aumento das importações dos Estados Unidos e estagnação das importações da União Europeia, que continua sendo o destino mais importante da carne ovina (FAO, 2009). Este cenário é favorável a países emergentes na produção e exportação da carne ovina. 

Referências Bibliográficas

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Produção da pecuária municipal. Rio de Janeiro, v. 38, 2010. Disponível em:  Acesso em: 10/03/2012

MACEDO, A.F.; SIQUEIRA, E.R.; MARTINS, E.N. Análise econômica da produção de carne de cordeiros sob dois sistemas de terminação: pastagem e confinamento. Ciência Rural, Santa Maria, v. 30, n.4, p.677-680, 2000.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO - FAO. Estatísticas FAO. 2007. Disponível em: Acesso em: 20/02/2012

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO - FAO. Estatísticas FAO - Meat and meat products. 2009. Disponível em: Acesso em: 20/02/2012

REIS, F.A. Atualidades na criação de ovinos no Brasil Central. In: CONGRESSO INTERNACIONAL FEINCO, 5., 2009, São Paulo. Anais... São Paulo: FEINCO, 2009. p.1-14.

TUPY, O. Importância econômica da bovinocultura de corte. In: CRIAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE NA REGIÃO SUDESTE, EMBRAPA Pecuária Sudeste, 2003.

VIANA, J.G.A. Panorama Geral da Ovinocultura no Mundo e no Brasil. Revista Ovinos, Porto Alegre, ano 4, n.12, 2008.

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