A Casa Branca declarou nesta sexta-feira que os Estados Unidos estão em guerra contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI), em uma tentativa de solucionar um deslize semântico sobre a estratégia anunciada na quarta-feira 10 de setembro, pelo presidente obama
Em sua viagem pelo Oriente Médio para tentar formar a maior coalizão possível contra o EI, o secretário de Estado John Kerry pareceu hesitar em usar o termo "guerra" para classificar a amplitude das operações americanas contra os jihadistas na Síria e no Iraque.
No entanto, nesta sexta (12) o Pentágono e a Casa Branca não deixaram dúvidas sobre a maneira como entendem o conflito.
"Os Estados Unidos estão em guerra contra o EI da mesma maneira que estamos em guerra contra a Al-Qaeda e seus aliados em todo o mundo", declarou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, durante sua entrevista coletiva à imprensa diária.
Uma mensagem muito parecida foi dada pelo porta-voz do Pentágono, o contra-almirante John Kirby.
Obama anunciou na quarta-feira que seu governo está preparado para combater o EI onde quer que esteja, e se comprometeu a treinar e armar grupos da oposição na Síria, aumentando também a cooperação militar com o governo do Iraque.
Em entrevista concedida à rede CBS na quinta-feira, Kerry disse que preferia falar de uma "operação antiterrorista de grande escala".
"Acredito que 'guerra' seja a terminologia e a analogia errada, mas o fato é que estamos comprometidos com um esforço mundial significativo para conter a atividade terrorista", declarou.
Esta disputa em torno dos termos a serem usados pode parecer trivial no momento em que aviões e drones americanos já fizeram mais de 160 ataques contra o EI no Iraque desde agosto.
No entanto, ela é sinal de que a administração continua sendo muito prudente diante de uma opinião pública cansada após anos de luta contra os islamitas no Iraque e no Afeganistão.
Fundação
O EI surgiu a partir do Estado Islâmico no Iraque, o braço iraquiano da Al - Qaeda dirigido por Abu Bakr al-Bagdadi. Em abril de 2013, Bagdadi anunciou que o Estado Islâmico do Iraque e a Frente Al-Nosra, um grupo jihadista presente na Siria, se fundiriam para se converter no Estado Islâmico do Iraque e Levante.
Mas a Al-Nosra negou-se a aderir a este movimento e os dois grupos começaram a agir separadamente até o início, em janeiro de 2014, de uma guerra entre eles.
O EI contesta abertamente a autoridade do chefe da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, e rejeitou seu pedido de que se concentre no Iraque e deixe a Síria para a Al-Nosra.
Efetivos
Charles Lister, pesquisador do Brookings Doha Centre, estima que o EI tenha entre 5 mil e 6 mil combatentes no Iraque e entre 6 mil e 7 mil na Síria.
Estes números não podem ser confirmados por outras fontes.
Nacionalidades
Na Síria, a maioria dos combatentes em terra são sírios, mas seus comandantes costumam chegar do exterior e lutaram em Iraque, Chechênia, Afeganistão e em outras frentes. No Iraque, a maioria dos combatentes são iraquianos.
Segundo o islamólogo Romain Caillet, do Instituto francês de Oriente Médio, muitos de seus chefes militares são iraquianos ou líbios, enquanto os líderes religiosos são sauditas ou tunisianos.
O EI também conta com centenas de combatentes francófonos, como franceses, belgas e magrebinos.
Ideologia
O EI nunca jurou lealdade ao chefe da Al-Qaeda, mas o grupo defende o mesmo tipo de ideologia jihadista e anunciou ter instaurado um Estado Islâmico em uma região situada entre a Síria e o Iraque.
Padrinhos
O EI não parece contar com o apoio de nenhum Estado e, segundo os analistas, recebe a maior parte de seus fundos de doadores individuais, em sua maioria oriundos do Golfo Pérsico. No Iraque, o grupo também depende de personalidades tribais locais.
Presença
O EI tomou em janeiro, junto com outros grupos insurgentes, o controle de Fallujah e de setores de Ramadi, a oeste de Bagdá
Na Síria é considerado a força combatente mais eficaz contra o regime do presidente Bashar Al- Assad
Mas depois de ter sido acolhido favoravelmente por alguns rebeldes sírios, acabou pegando em armas contra eles.
Esta mudança se deveu a sua vontade hegemônica e às atrocidades que são atribuídas ao grupo, sobretudo o sequestro e a execução de civis e de rebeldes de movimentos rivais.
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