domingo, 28 de setembro de 2014

Maoísmo.




Tratamos aqui em explicar o porquê em defendermos de forma incansável, e ferrenha a imposição do marxismo-leninismo-maoísmo no movimento revolucionário mundial e principalmente entre o proletariado brasileiro.

Entendemos que o maoísmo é a terceira e superior etapa da filosofia revolucionária do proletariado, é terceira etapa, precedida obviamente por outras duas, desse modo, o marxismo de Marx e Engels é a primeira etapa desta grandiosa filosofia e conjunto de leis baseadas no desenrolar das civilizações, principalmente a sociedade capitalista contemporânea.

Bolcheviques marchando em Moscou.

A segunda etapa consiste no leninismo, desenvolvido por Vladmir Ilitch Ulianov “Lenin” à frente da fração revolucionária bolchevique. Uns dizem que o leninismo é uma “deformação” do marxismo, consideram um “revisionismo”. Esse problema não é atual, e se estende desde que Lenin iniciou o trabalho no partido bolchevique em despertar as massas para a construção de um novo poder na Rússia czarista. Os ataques contra a figura do nosso companheiro partiram de diversas correntes: czaristas, social-democratas, trotskistas, anarquistas, e liberais. 
O leninismo tornou-se marxismo-leninismo não apenas pelo pensamento leninista ter sido capaz de guiar a consolidação da “primeira ditadura do proletariado”, porém, o trabalho de Lenin serviu para fortalecer os princípios da filosofia marxista, quer dizer, Lênin preencheu algumas lacunas deixadas pelos marxistas do século XIX, que serviu para traçar uma linha muito clara entre os verdadeiros marxistas e os social-democratas que usurparam a IIª Internacional. Entre estes princípios, ou melhor, entre esses novos aportes podemos citar a contribuição do pensamento de Lenin para a compreensão do imperialismo que segundo o próprio Lenin era a “fase agonizante do capitalismo”, o trabalho dirigido por Lenin também serviu para mostrar e comprovar a necessidade e eficiência da organização do proletariado para tomar o poder, que só pode ser conquistado através da luta armada e não através do cretinismo parlamentar como pensavam e continuam a pensar os social-democratas e toda a ralé oportunista. O desmantelamento da linha oportunista de esquerda também foi outra contribuição, pois, segundo Lenin,  “o esquerdismo é a doença infantil no comunismo”.
Assumindo o a liderança da primeira ditadura do proletariado, a Rússia soviética em fase de reconstrução tornou-se o primeiro baluarte da revolução proletária mundial.
A organização da uma nova Internacional Comunista, a IIIª Internacional de 1919 serviu como base de apoio para a expansão do movimento proletário e revolucionário em todo o mundo, assim, nos próximos anos a Rússia e demais países que faziam parte do antigo império czarista uniram-se formando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Entre os anos de 1919 e 1922 estouraram revoluções na Hungria, Polônia, Alemanha e Mongólia, esta última bem sucedida, tornando-se a segunda república popular no mundo.
No ano de 1924 o grande camarada Lenin morreu, porém, seu pensamento continuou vivo e as metas estabelecidas por Lenin foram continuadas e até superadas sob a liderança de outros bolcheviques como Kalinin, Zhdanov e Stalin.
Nas décadas seguintes a URSS seria exemplo para revolucionários de todo o mundo, partidos e organizações revolucionárias seriam formadas em países opressores e oprimidos, revoluções estourariam na Bulgária, Indonésia, China, Brasil, Espanha, Lituânia, Letônia, Estônia, Indochina, Malásia, Filipinas, Birmânia, Grécia, Albânia, Itália, Bélgica, França, Iugoslávia, Coréia, Romênia, Paraguai... Tudo isto em um período que vai desde 1924 até 1959, sendo que a maioria dos levantes revolucionários ocorreu entre meados dos anos 30 até o final dos anos 40.
Entre os anos de 1917 a 1956, a União Soviética mostrou-se fortaleza do socialismo e da revolução proletária, esta fortaleza infelizmente acabou desmantelada devido a certos problemas ideológicos, gerando certa confusão entre os membros do Comitê Central após a morte de Kalinin, Zhdanov e Stalin. Essa confusão ideológica abriu a guarda para que elementos mal-intencionados pudessem tomar o poder e tentar desmantelar o movimento revolucionário desde cima até em baixo, influenciando partidos em todo o mundo. Ainda assim, outros partidos resistiram e puderam dar novos ares para o movimento revolucionário, após a ruptura partidária entre o Partido Comunista da China e o Partido Comunista da União Soviética.
Com a realização dos XXº Congresso do PCUS em 1956 onde Kruschov apresenta um documento contendo mentiras a respeito da figura de Stalin, seguido da demissão da cúpula revolucionária do PCUS (entre eles Jukov, Kaganovich entre outros), e a reabilitação de antigos inimigos do socialismo que se encontravam dentro e fora do PCUS. 
Utilizando da influência e do prestígio que a URSS ainda dispunha, Kruschov e seu bando fizeram de tudo para influenciar outros partidos a assumirem uma linha revisionista baseada na difamação da figura de Stalin e seus defensores e nas teses revisionistas de “Estado e partido povo”,  “transição pacífica, coexistência pacífica e competição pacífica”. Esta tese ficou conhecida como “dois todos e três pacíficas”, uma estúpida tentativa de barrar o avanço da revolução proletária mundial.
É a partir dos primeiros anos da década de 1960 que a China surge como novo baluarte da revolução proletária mundial. Junto com o Partido do Trabalho da Albânia rompem com o pacifismo e submissão aos interesses da União Soviética que naquela altura havia se convertido em potência social-imperialista.
Até meados dos anos 60, o Partido Comunista da China sob o comando de Mao Tsé Tung moveu intenso debate com os comunistas soviéticos na tentativa de frear o avanço do revisionismo na União Soviética. Apesar de o avanço revisionista ter continuado, os debates onde o PCCh levantaram bem alto as bandeiras vermelhas da revolução deram coragem para que os comunistas revolucionários de todo o mundo rompessem com a linha oportunista e reorganizassem as forças revolucionárias, que de fato aconteceu nos anos seguintes, inclusive dentro dos países que haviam assumido o revisionismo como aconteceu na Polônia em 1964, onde o histórico dirigente Kazimieriz Mijal junto com outros dirigentes revolucionários remanescentes, organizaram o Partido Comunista da Polônia.

O lídero do Partido Comunista da Polônia com o presidente Mao e o camarada Kang Sheng, 1964.
A reação soviética foi imediata, acusando os comunistas chineses de “fraccionistas” e “hegemonistas”, quando na verdade os hegemonistas eram os próprios revisionistas soviéticos sob a batuta de Kruschov e Brezhenev.
Foi então a partir da década de 1960 que os comunistas de todo o mundo passaram a reconhecer Mao Tsé Tung como continuador do trabalho revolucionário desenvolvido por Marx e Engels em 1848.
A partir daquela época as teses de Mao Tsé Tung muito mais do que mostrar eficácia, mostraram seu caráter de validade universal, superando erros, lacuna e pormenores do marxismo-leninismo. Não fui uma tentativa de se contrapor ao trabalho de Marx à Stalin como falam os oportunistas, ao contrário, deu novos ares ao marxismo-leninismo, afiou a “espada da revolução”.
Porém, os camaradas menos entendidos no assunto devem estar se perguntando: que inovações são essas que o pensamento Mao Tsé Tung trouxe ao marxismo-leninismo e à revolução proletária mundial? Vários, como explicaremos a seguir.
Primeiramente, devemos compreender que o “pensamento Mao Tsé Tung” foi adotado pelo Partido Comunista da China em 1935, quando a linha esquerdista de Wang Ming foi derrotada. Esta linha pseudo-revolucionária foi defendida por Enver Hoxha quando Mao Tsé Tung morreu. O que Hoxha se esqueceu de dizer foi que Wang Ming, e seus cúmplices que se autodenominavam “bolcheviques” passaram o resto de seus dias na União Soviética de Brezhnev, soltando maldições ao socialismo chinês e à liderança de Mao Tsé Tung, Chen Bo Da, Lin Piao e Kang Sheng.
Naquela época, o pensamento de Mao Tsé Tung era a análise das contradições da sociedade chinesa e a forma de resolvê-las sob a luz do marxismo-leninismo, o que muita gente não sabe, ou melhor, o que o PCdoB, PCR, PCB e o PCML brasileiro não sabem é que a partir de então esse pensamento forjado no calor da revolução traria inovações ao marxismo-leninismo ao longo dos anos em que foi ideologia do Partido Comunista da China (1935-1976) até tornar-se a Terceira Espada do comunismo.
As concepções revolucionárias de Mao Tsé Tung foram inicialmente sintetizadas por Chen Bo Da no início da década de 50 em um livreto intitulado “Mao Tsé Tung na revolução chinesa”, depois as obras de Mao Tsé Tung foram compiladas em quatro volumes ao longo dos anos 50 e 60, chamados de “Obras Escolhidas” com o número respectivo de cada livro. Com base nestas obras, 1966 o camarada Lin Piao transcreveu trechos das obras para um livreto que ficou conhecido mundialmente como “Livro Vermelho”, onde de forma bem simples e clara mostrava as concepções revolucionárias formuladas por Mao Tsé Tung desde 1926 até 1965.

O comandante Lin Piao.
Tanto o camarada Lin Piao como o camarada Chen Bo Da foram difamados pelos revisionistas que tentavam dominar o partido durante a ofensiva da Revolução Cultural Proletária. Tendo estes revisionistas semeado confusão através de intrigas dentro do Partido Comunista, não tardou muito para que inclusive grandes dirigentes revolucionários acabassem iludidos pelas intrigas que visavam de toda a forma derrotar a ditadura do proletariado na China.
Exército Popular de Libertação em 1949.
Mao Tsé Tung foi um dos primeiros a defender a concepção revolucionária de que “o partido manda no fuzil e jamais deve ser o contrário”. Junto a esta concepção está a idea de que “o poder político surge a partir do cano de um fuzil”. Tomando estas duas concepções revolucionárias, elas dão mais força a duas concepções de Lenin:
- a de que o partido comunista é a organização máxima do proletariado
-que só os cretinos acreditam na tomada do poder pelo proletariado através das urnas
Entenda-se que as concepções de Mao não um plágio das concepções de Lenin, porém, são o desenvolvimento, fruto da aplicação do marxismo-leninismo. 
Compreendendo a função do exército do proletariado e a função de vanguarda do partido comunista, Mao Tsé Tung no calor da batalha também desenvolveu o modo como a tomada do poder deveria ser feita, como seria a guerra popular.
Assim  Mao Tsé Tung compreendeu a necessidade de uma guerra popular prolongada. Parece apenas uma simples questão de estratégia, porém, serviu para mostrar o caminho a ser seguido para a tomada do poder tendo o proletariado como classe vanguarda. Tornou-se totalmente claro que a revolução proletária não precisaria depender de algum golpe de estado, nem ser empreendida por tropas rebeladas do exército burguês. O povo junto ao Partido Comunista poderia organizar seu próprio braço armado. 
Como o próprio nome sugere, a idea de Mao era uma guerra popular de caráter prolongado, onde partia-se para ações mais simples, como a guerra de guerrilhas até chegar o momento de uma guerra regular de movimentos. Para a China dos anos 30 e a nos países dominados da época e da atualidade, a guerra popular consistia em ações a partir das zonas rurais até atingir primeiramente cidades pequenas, mais tarde as médias e por último as grandes cidades.
A sobrevivência do exército guerrilheiro popular depende do apoio das massas, ou seja, Mao também ensinou que “a guerra popular é uma guerra de massas”, ou seja, a vitória só poderia ser obtida contasse com o apoio de amplas massas. Para isso, Mao Tsé Tung também enfatizou sobre a questão de criar um exército culto, quer dizer, soldados e camaradas que tivessem cultura, que aprendessem a ler, escrever, que falassem de modo educado, que fossem respeitosos e que servissem as massas incondicionalmente. 
Muito mais que tratar educadamente o povo, deveriam ter um apoio forte, para isso foram criadas bases de apoio, quer dizer, zonas libertadas, administradas pelo proletariado junto ao partido comunista, criando assim um poder popular paralelo ao poder do governo opressor. 
Guerrilheiros do EGPL, Índia.
A concepção revolucionária da guerra popular prolongada logo mostrou a sua capacidade e sua universalidade em diversos países desde os anos 30 até a presente década do século XXI. Esta linha teve maior força durante a segunda guerra mundial, quando os partidos comunistas do Vietnã, Birmânia, Filipinas, Indonésia e da Malásia colocaram em prática esta concepção revolucionária, obtendo êxito especialmente na Malásia (onde além dos comunistas malaios terem expulsado os japoneses, também comprometeram seriamente o domínio britânico), a mesma coisa também ocorreu na Indonésia aonde chegaram a criar um governo de coalizão com os nacionalistas, e no Vietnã a região norte foi completamente libertada em 1954. A linha revolucionária da guerra popular prolongada continua a influenciar os revolucionários de todo o mundo, tomando os exemplos da guerra popular na Índia, Filipinas, Peru e Turquia.

Tropas do Exército Popular Anti-Japonês da Malásia.
Há certo engano quando dizem que a guerra popular prolongada inicia-se apenas em zonas rurais para poder chegar às cidades. O caráter principal é o tempo de duração da guerra, não importando exatamente (isso vai depender de cada país onde esta brilhante estratégia for aplicada) aonde deve começar. Temos dois grandes exemplos de guerras populares que iniciaram em zonas urbanas, citamos a ação das Brigadas Vermelhas na Itália, e a ação da Fração do Exército Vermelho na Alemanha Ocidental, ambos os grupos estavam sob a luz do maoísmo (pensamento Mao Tsé Tung na época).

Poster das Brigadas Vermelhas
Depende do partido comunista de cada país formular uma linha correta para desferir a guerra popular.
 As leis da contradição também foram outra grande contribuição dada por Mao Tsé Tung ao movimento revolucionário, especialmente com a publicação “sobre a contradição”, de 1937. 
Enfatizando sobre a necessidade da prática acompanhada com a teoria, Mao desenvolveu outra concepção: o método de prática->teoria->prática, ou seja, a partir da prática pode-se compreender os erros, e avanços, sintetizando-os, gerando uma teoria que deve ser posta em prática a fim de continuar o seu desenvolvimento.
Sobre a questão da contradição, devemos entender segundo Mao que um todo abriga em si dois contras, quer dizer, nesse momento de união existe uma contradição não-antagônica. Quando esses contras começam a lutar entre si, essa contradição se torna uma contradição antagônica e por isso se dividem, ao contrário da tese social-democrata que apenas a união deveria prevalecer. Essa é a regra que rege todo o universo, inclusive a dialética materialista, onde uma unidade abriga dois contras que quando desenvolvem o antagonismo, dividem-se, assim sucessivamente. 
Compreendendo  a unidade e luta de contrários, Mao também compreendeu a forma de resolvê-los, tendo cada tipo de contradição um meio apropriado para ser resolvido. 
Em uma contradição não-antagônica, como por exemplo, divergências de certas opiniões dentro do partido ou do movimento não podem ser resolvidas meramente com expulsão ou eliminação física dos divergentes, como sendo não antagônica, essa contradição deve ser resolvida com método brando, que é através do debate e da prática.
Agora, se um grupo divergente tenta sabotar o movimento revolucionário, a liderança e as bases, desrespeitando as normas de conduta, então, essa contradição passa a ser antagônica, não havendo mais condições de continuarem unidos, estes contras se separam.
A “luta entre duas linhas” também foi outra descoberta importante, já que esta representa uma contradição inicialmente não-antagônica que aparece no seio do partido e do movimento revolucionário. Essa contradição, ou melhor, essa luta entre linhas em seu caráter não-antagônico pode e deve ser resolvida através do debate e da prática. Quando assume um caráter antagônico, esse tipo de contradição só pode ser resolvido de forma radical: com a expulsão e devida punição aos quadros indisciplinados. A idea da luta entre duas linhas, reforça ideologicamente as forças revolucionárias e destrói a tese errônea da organização de caráter “monolítico”, já que, uma vez expulsos os dissidentes, outros surgirão até a organização acabar enfraquecida. Hoxha foi um dos maiores propagadores dessa idea errada, aconteceu que logo após a sua morte, o Partido do Trabalho da Albânia acabou desmantelado pelos próprios membros.
Na questão política a unidade e luta de contrários se estende até a chegada do comunismo, portanto contradições antagônicas e não-antagônicas continuarão a existir enquanto existir a luta de classes, que também é uma contradição.
A linha de massas foi outro aporte de grandiosa importância desenvolvido por Mao Tsé Tung à frente do Partido Comunista. A linha de massas se baseia no apoio total às grandes massas de trabalhadores, pois são as massas que podem realizar grandes feitos, são os donos do mundo. Baseando-se nas aspirações e anseios das grandes massas de trabalhadores, o partido comunista deve buscar compreender esses desejos, sintetizá-los e devolvê-los ao povo como forma de diretrizes. Resumindo em uma bela frase do próprio Mao Tsé Tung: COM A LINHA CORRETA TEMOS AS PESSOAS E OS FUZIS.
Com base na correta linha de massas, foi possível o desenvolvimento econômico e cultural da República Popular da China nos anos 50, como durante o Grande Salto à Diante e o Movimento das Cem Flores, que será explicado a seguir.
A necessidade do máximo desenvolvimento da economia socialista é fundamental e foi reiterado por Lenin. O presidente Mao e o Partido Comunista apoiados pela poderosa força das massas iniciou na segunda metade dos anos 50 uma poderosa linha de desenvolvimento do socialismo, investindo pesado na indústria e incentivando a criação de comunas populares, ou melhor, grandes fazendas coletivas e autônomas.
Entre os anos de 1956 a 1960, houve um grande salto na indústria e na agricultura, diferente das mentiras propagadas pelos inimigos do marxismo-leninismo-maoísmo. Para se ter uma idea, a partir de 1956 iniciou-se a produção de automóveis e motocicletas com base em protótipos desenvolvidos entre os anos de 1950 e 1953. Em 1958 a China além de iniciar a primeira transmissão de televisão também iniciou a produção dos próprios aparelhos. Maquinaria suíça foi comprada para a produção de relógios, além da produção agrícola ter batido recordes a cada ano. Nos anos seguintes também foram produzidos tratores, toneladas e mais toneladas de aço, máquinas de lavar roupas, geladeiras “Snow Flake”, turbinas de hidrelétrica, prensa hidráulica, e até computadores. Assim, o Partido Comunista sob a luz do pensamento Mao Tsé Tung foi capaz de transformar um país que até pouco tempo atrás era semifeudal em potência e baluarte da revolução proletária mundial até 1976.
Porém, a burguesia continuava infiltrada dentro do Partido Comunista, sendo respaldada pelos revisionistas soviéticos e seus capangas. Agindo com total cinismo, gente como Deng Xiaoping, Kao Kang, e Liu Shao Qi auxiliaram na sabotagem do Grande Salto à Diante, como por exemplo, na falsificação dos resultados obtidos durante as colheitas, provocando assim uma grave crise na distribuição de alimentos. A União Soviética pouco fez, enviou quantidade insuficiente de alimentos, obrigando a China a importar milho da Austrália e Nova Zelândia em 1960.
A sabotagem revisionista não parou por aí, tentaram corromper funcionários públicos, visando impor um modelo de administração burguesa, tanto nas fábricas, como nas fazendas e nas escolas, tudo isso respaldaria uma restauração capitalista que estava para ocorrer em meados dos anos 60.
Esta restauração capitalista a cada dia estava dia após dia corroendo as estruturas do socialismo e da Nova Democracia, visava aproximar-se de Kruschov e Brezhnev, transformando assim a ditadura do proletariado em uma ditadura da burguesia nacional, que consequentemente conduziria a uma restauração capitalista ainda na década de 60. Vários  quadros destacados do Partido Comunista (principalmente os que ocupavam postos dirigentes) estavam se corrompendo ou já haviam sido corrompidos pelo revisionismo de Liu Shao Qi, que na época era presidente da República Popular da China. 
Um pouco antes, mais exatamente durante os debates que se seguiram entre o Partido Comunista da China e o Partido Comunista da União Soviética no início dos anos 60, Mao Tsé Tung compreendeu os erros e os avanços do socialismo na União Soviética durante o período de Lênin e Stalin até a derrocada socialista iniciada por Nikita Kruschov e seus seguidores.
Assim, ele compreendeu que não bastaria destruir a burguesia apenas no domínio econômico, porque a burguesia tem a capacidade de se camuflar em outro sistema além de contar com um apoio internacional, que é o capital estrangeiro. Portanto, a burguesia fora do poder poderia subsistir como pensamento, costumes, ideas, portanto, as influências burguesias e feudais deveriam ser desmascaradas e aniquiladas.
No final de 1965, motins de estudantes e operários contra dirigentes burocratas começaram a ganhar força, mostrando mais uma vez a força e a sabedoria das massas, em reconhecer seus verdadeiros líderes e desmascarar os impostores. Esse ato revolucionário dos estudantes teve apoio dos revolucionários do Partido Comunista, incluindo o próprio presidente Mao, que no ano seguinte, lançaria a Grande Revolução Cultural Proletária.
Em 1966, foi publicada uma carta de 16 pontos onde Mao Tsé Tung e o Partido Comunista lançavam as diretrizes da Revolução Cultural, que adiaria a restauração capitalista em 10 anos, mostraria ao mundo todo a universalidade do “pensamento Mao Tsé Tung” e fortaleceria a China como baluarte da revolução proletária mundial.

Multidão de jovens, proletários e guardas vermelhos em 1966.
Assim, Mao Tsé Tung confiando na capacidade revolucionária da juventude e do proletariado dirigiu a ofensiva revolucionária contra as influências burguesas. Camponeses, operários, intelectuais, muita gente, especialmente os jovens aderiram às milícias populares, que ficariam conhecidos mundialmente como “Guardas Vermelhos”, defensores do pensamento revolucionário de Mao Tsé Tung.
Quando a delegação militar albanesa estava na China, Mao Tsé Tung perguntou aos camaradas albaneses se eles sabiam qual era o propósito da revolução cultural proletária. Eles responderam que o propósito da revolução cultural era desmascarar os corruptos. 
Porém, o grande timoneiro explicou que o propósito ia mais além, a Revolução Cultural serviria para destruir toda a influência burguesa, que se camuflava na ideologia, e nos costumes entre o povo.
Como o nome já sugere, a Revolução Cultural se tratava de uma REVOLUÇÃO, ou seja, ali se travava uma dura luta de classes, onde não tardou muito para que dirigentes burgueses também criassem seus próprios “guardas”, alguns inclusive anti-maoístas, que logo foram atirados no lixo da história.
Essa Grande Revolução Cultural Proletária atingiria de modo positivo todo o sistema socialista da China, começando desde baixo até os altos escalões. Vários dirigentes burgueses foram rechaçados pelo povo, e condenados pelos seus atos contra o povo e contra o socialismo, como Deng Xiaoping e Liu Shao Qi.
A história burguesa em coro com os revisionistas pós-76 tratam de dizer que a revolução cultural estagnou a economia da China, quando na verdade houve apenas uma leve queda entre 1966 e 1968, aumentando a partir de 1969 até 1979, quando a economia teve um retrocesso por causa da restauração capitalista.
É importante ressaltar que durante o período da revolução cultural a China lançou seu primeiro satélite artificial (1970), produziu a primeira TV em cores (1970), bomba de hidrogênio (1973), o arroz híbrido que aumentaria a produção em até 30% (1974). Ainda no ano de 1974, quase 100% (para ser mais exato, 98,5%) da produção total do país vinha do setor socializado, portanto, a República Popular da China avançava no socialismo.
Nessa época, vários partidos comunistas do mundo todo passaram a levantar bem alto a bandeira do marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsé Tung, levando o proletariado a obter importantes vitórias sob essa linha revolucionária, como em Moçambique, Kampuchea Democrática e na Colômbia, onde o PCML -C estava construindo a República Popular da Colômbia, superando os pseudo revolucionários do M-19, ELN e FARC.
Apesar do socialismo chinês e a Revolução Cultural Proletária terem sido derrotados após a morte de Mao, esse tempo serviu para adquirir experiência na revolução cultural, serviu para aprender os métodos corretos, para aprender o que deve e o que não deve ser feito. 
Nos anos seguintes à morte do Presidente Mao, Enver Hoxha, que outrora havia sido um importante aliado da revolução proletária mundial passou a tecer críticas no mínimo estúpidas contra Mao Tsé Tung, e ao contrário de comandar uma onda da revolução proletária, os partido comunistas que aderiram ao marxismo livresco de Enver Hoxha passaram a capitular, como o próprio PCML da Colômbia, que em 1984 iniciaria o processo em depor as armas.
Os partidos comunistas que seguiram apoiando Deng Xiaoping teriam o mesmo fim, passariam a capitular ao longo da década de 80, como o Partido Comunista da Tailândia, Malásia e Myanmar.
Algumas organizações proletárias e revolucionárias continuaram com a guerra popular sob a luz do pensamento Mao Tsé Tung, como TKP-ML, o PC das Filipinas e o PCML da Índia, porém, o final dos anos 70 abriria uma nova era para a revolução proletária mundial, que ficaria muito mais claro na década seguinte.

Guerrilheiros peruanos do Ejercito Guerrillero Popular em 2011.

Guerrilheiros do Partido Comunista da Turquia (ML).
Em 1980 o Partido Comunista do Peru, sob o comando do presidente Gonzalo iniciou a guerra popular, a primeira guerra popular prolongada iniciada depois da morte do presidente Mao. Indo totalmente contra a ofensiva revisionista que os hoxhaístas lançavam, o PCP junto com outros partidos comunistas lutaram pela imposição do marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsé Tung no movimento revolucionário. Dois anos depois, o PCP lançaria a consiga marxismo-leninismo-maoísmo, lutaria pela adoção do maoísmo como terceira e superior etapa do marxismo-leninismo principalmente quando  surgiu o Movimento Revolucionário Internacionalista, organização revolucionária e internacionalista que reúne vários partidos comunistas revolucionários desde 1984.

Prisioneiras de guerra homenageando o presidente Gonzalo e o verdadeiro PCP.
O depois do Partido Comunista da China, o Partido Comunista do Peru foi o partido que mais se destacou em desenvolver e divulgar a linha revolucionária do presidente Mao.
Os aportes do presidente Mao Tsé Tung não se encaixam mais ao termo “pensamento Mao Tsé Tung”, porque o pensamento é o resultado da análise e compreensão das condições de determinado país sob a luz do marxismo-leninismo. Atualmente o os aportes de Mao Tsé Tung são a nossa linha guia, que serve de base para criarmos um pensamento revolucionário.
Portanto, o marxismo-leninismo-maoísmo desde muito tempo vem mostrando a sua universalidade, as descobertas e desenvolvimentos do presidente Mao servem como linha guia para que partidos e organizações revolucionárias de todo mundo possam resolver suas contradições, seja a contradição interna, contradição externa, ou ambas.
Texto extraído do Blog Grande Dazibao

sábado, 27 de setembro de 2014

Porque o Estado Islâmico quer que o ocidente envie tropas.

O grupo autodenominado Estado Islâmico expressou com todas as letras que não apenas não teme um enfrentamento em terra contra tropas americanas no Iraque e na Síria, como na verdade se alegraria nessa situação.

Em uma mensagem de 32 minutos publicada na internet, o principal porta-voz do EI, o sírio que adotou o nome de Shaykh Abu Muhammad al-Adnani, ridicularizou os recentes ataques aéreos americanos e os esforços do presidente Barack Obama para costurar uma coalizão internacional contra a milícia extremista islâmica.

"É só isso que podem fazer?", alfinetou, dirigindo-se ao presidente Obama. "Os Estados Unidos e seus aliados são incapazes de nos enfrentar aqui em terra?"

Os ataques aéreos americanos e de aliados estão causando sérios danos ao EI, que não pode oferecer resposta militar efetiva contra eles. Portanto, faz sentido que a organização prefira que os EUA se comprometam com tropas no campo de batalha.

"Eles estão desejando um conflito com o Ocidente", diz o diretor do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização, em Londres, Peter Neuman.

"Os vídeos de execuções [de reféns ocidentais] eram isca para provocar uma reação excessiva. No momento em que botas ocidentais pisam o terreno, tudo se transforma na velha narrativa do Ocidente contra o Islã, e eles podem alegar que estão lutando contra a ocupação", argumenta o especialista.

Alá nos deu suas armas

Após um rápido avanço pelo norte e oeste do Iraque em junho, em que conquistou cidade após cidade, o EI capturou Mossul, a segunda maior cidade iraquiana, com sua estratégica represa, e ameaçou tomar a capital curda de Irbil.

Mas, desde então, os ataques aéreos americanos em apoio a forças terrestres curdas contiveram o avanço do grupo.

Na semana passada, a Força Aérea Francesa passou a engrossar os ataques lançados a partir da base aérea dos Emirados Árabes Unidos.

A Austrália anunciou que vai enviar um esquadrão de caças Super Hornet, enquanto o Reino Unido aprovou na sexta-feira o envolvimento de suas forças armadas nos ataques no Iraque com seis aviões Tornado.

Além disso, um grupo de países tem fornecido armas e munições para as forças que enfrentam o EI.

Mas o porta-voz do EI menosprezou esses fatos, lembrando aos EUA que, durante sua campanha no Iraque, o grupo havia tomado uma grande quantidade de armamentos modernos americanos fornecidos ao Exército iraquiano --que fugiu para evitar os enfrentamentos.

"Enviem armas e equipamentos para seus agentes e cães; enviem-nas em grande quantidade, pois vão acabar como espólios de guerra em nossas mãos", disse o líder extremista.

"Vejam os seus veículos blindados, máquinas, armas e equipamentos: estão em nossas mãos. Alá nós concedeu e vamos enfrentá-los com eles."

Enfrentamento inevitável?

Os analistas acreditam que o enfraquecido e desmoralizado Exército iraquiano seja incapaz de enfrentar o EI por conta própria.

Por isso, tem-se especulado que tropas de combate americanas tenham de retornar para o país do qual se retirou em 2011, o que seria um pesadelo político para o presidente Barack Obama.

Obama, David Cameron (premiê do Reino Unido) e outros líderes ocidentais têm dito publicamente que não haverá "botas no chão", apesar de quase mil soldados americanos permanecerem no Iraque.

Mas vários analistas políticos e militares, incluindo o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, que levou o país à guerra contra Saddam Hussein em 2003, ao lado do americano George W. Bush, opinam ser impossível erradicar o EI sem uma ofensiva terrestre.

Para o porta-voz do EI, "eles [os ocidentais] vão pagar o preço quando enviarem seus filhos para lutar contra nós e eles retornarem amputados, ou em caixões ou com problemas mentais".

Para o grupo extremista, os benefícios potenciais de enfrentar tropas ocidentais no chão são óbvios.

Pelo menos teriam a oportunidade de confrontar soldados cara a cara, contando com o impacto da propaganda negativa que a guerra teria sobre os cidadãos ocidentais.

Acima de tudo, um conflito regional que hoje é predominantemente de muçulmanos entre si, se tornaria uma espécie de jihad global contra o Ocidente, o que possivelmente atrairia simpatizantes para o grupo e elevaria a sua capacidade de recrutar guerrilheiros.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Aquífero Alter do Chão.

Uma enorme dimensão física formada por fauna, flora, rios e diversos ecossistemas, componentes fundamentais de manutenção do equilíbrio dinâmico da Terra e de relevância estratégica para toda a humanidade: não é de hoje que a região amazônica atrai olhares do mundo inteiro. A biodiversidade da maior floresta tropical do planeta é tida como uma fonte inestimável de possibilidades econômicas à espera de estudos e descobertas. E é nesse cenário que se localiza o Aquífero Alter do Chão, uma reserva com cerca de 86,4 quatrilhões de litros de água subterrânea, suficiente para abastecer a população mundial em cerca de 100 vezes.

É isso mesmo: 86,4 quatrilhões de litros de água potável, localizados em uma formação geológica sob os Estados do Amazonas, Pará e Amapá. Esse número impressionante foi obtido com base em pesquisas realizadas pelo professor André Montenegro Duarte, do Instituto de Tecnologia, da Universidade Federal do Pará, como resultado da sua tese de Doutorado em Geociências, que investigou a potencialidade das águas na Amazônia. A tese, orientada pelo professor Francisco Matos de Abreu, do Instituto de Geociências da UFPA, indicou números preliminares, os quais ainda necessitam de confirmação.

O Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos, integrado por André Montenegro, Francisco Matos e ainda pelos pesquisadores Milton Mata (UFPA), Mário Ribeiro (UFPA) e Itabaraci Nazareno (Universidade Federal do Ceará/UFC), prossegue as investigações, mas necessita de recursos financeiros para confirmar as informações iniciais reunidas com base no cruzamento de dados provenientes da perfuração de poços para a pesquisa petrolífera e poços de extração de água construídos em Santarém, Manaus e outras localidades.

“Os poços da pesquisa de petróleo perfurados pela Petrobras, por exemplo, foram fontes importantes de informação, porque, sendo bastante profundos, fornecem indicações sobre a espessura dos aquíferos. Já com os poços para abastecimento, chegamos a parâmetros hidrogeológicos fundamentais para se ter ideia do volume e da produtividade de água do Alter do Chão”, explica o orientador da pesquisa, professor Francisco Matos. Cerca de 40% do abastecimento de água de Manaus é originário do aquífero Alter do Chão, como também é o caso de Santarém e de outras cidades situadas sobre a Bacia Sedimentar Amazônica.

Protegida da contaminação

O aquífero é um tipo de formação geológica capaz de armazenar e liberar a água. Há outras unidades que podem armazenar, mas não permitem que a água que está dentro delas seja utilizada. Para fazer uma analogia, o aquífero seria como uma esponja, como as que servem para lavar louças em casa. A esponja fica cheia d’água, mas se ela for movimentada ou pressionada, a substância é liberada.

O nome Alter do Chão se dá em referência a uma das mais belas praias do País, situada na região de Santarém. Segundo Francisco Matos, a existência desse aquífero já é conhecida na literatura da área desde a década de 50. “Ainda não temos uma avaliação exata sobre a sua real extensão e a quantidade de água que contém. A novidade da pesquisa de André Montenegro é, justamente, o valor apontado de 86,4 quatrilhões de litros de água, que é, realmente, uma coisa fabulosa em termos de reserva”, ressalta o professor Francisco Matos.

As águas subterrâneas representam a maioria das águas no mundo. “Se você pensar, por exemplo, no caso da Amazônia, as águas visíveis, ou seja, as contidas nos rios, lagos, chuvas, representam 16% do total existente, enquanto 84% correspondem à água subterrânea”, explica o professor. Isso quer dizer que os aquíferos são grandes depósitos de água de qualidade, pois as águas subterrâneas são muito mais protegidas do que as águas superficiais, uma vez que estão menos sujeitas a processos externos de contaminação.

É assim que os aquíferos da Amazônia, na relação que estabelecem com as outras formas de ocorrência de água, dentro do chamado ciclo hidrológico, agregam grande valor ambiental, econômico e estratégico. Além do Alter do Chão, outro aquífero importante na região é o denominado Pirabas, situado em profundidades entre 100 e 120 metros. Ele oferece água de excelente qualidade na Região Metropolitana de Belém e é responsável por, aproximadamente, 20% do abastecimento público.

No Brasil, há outros aquíferos importantes, como é o caso do Guarani, considerado o maior aquífero nacional e com grande valor estratégico, pois está em uma região com grande demanda de água, abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estendendo-se à Argentina, ao Paraguai e ao Uruguai. No Nordeste, estão os aquíferos Urucuia (BA), Serra Grande(PI) e Cabeças (MA).

Valor estratégico da reserva

Extrapolando o contexto amazônico e analisando o contexto mundial, a água é um recurso que, em grande parte do planeta, está se tornando escasso. Do total de água existente no mundo, 97,5% são de águas que se encontram nos oceanos, ou seja, água salgada, restando apenas 2,5% de água doce, dos quais, 1,75% se encontra em calotas e geleiras polares. Sobra, portanto, tão somente 0,75% que ainda precisa ser repartido entre cerca de seis bilhões de pessoas (total de habitantes da Terra).

Em se tratando dessa escassez, o pesquisador da UFPA André Montenegro Duarte, com base nas pesquisas realizadas acerca do aquífero Alter do Chão, propõe um conceito que visa a preservação das águas mundiais denominado valor do “não uso”. Esse conceito surgiu há, mais ou menos, 60 anos, mas ainda é muito pouco difundido, tanto no meio econômico como na sociedade em geral. A definição parte do princípio de que os recursos naturais têm um valor de uso, direto ou indireto, como é o caso da água e, o de “não uso”, que é o valor de existência desse bem.

Isso quer dizer que o recurso ganha valor e importância pelo simples fato de ser mantido na natureza. “Para citar um exemplo, pensemos no Rio Amazonas, cuja extensão é imensa. Além dos recursos em fauna e flora que nele podemos encontrar ou mesmo da própria água que contém, o Rio tem um imenso potencial de transporte. Esses aspectos lhe conferem valor econômico. E justamente devido à riqueza que oferece, o Rio Amazonas também tem valor só por existir”, explica André Montenegro. No caso do aquífero Alter do Chão, as dimensões impressionantes que possui permitem que seja utilizado de forma sustentável como recurso econômico e, ao mesmo tempo, como reserva estratégica.

Em outras palavras, o conceito do “não uso” gira em torno da consciência da sociedade de que o recurso natural pode ter uma grande valia por ser preservado. E complementa o pesquisador: “o mundo, e a Amazônia de um modo especial, não pode ser visto apenas como um local do qual se retira o que se precisa ou o que pode gerar lucro, uma vez que é um sistema muito suscetível a danos. É grandioso, mas muito frágil. Nós temos tanta abundância de recursos naturais que o ‘não uso’ deles pode possibilitar uma agregação de valor e uma lógica econômica que privilegie um desenvolvimento mais justo e igualitário”. A UFPA tem trabalhado para gerar essa consciência.

Pela 1ª vez na história, secou a nascente do Rio São Francisco.

A nascente do rio São Francisco, que está localizada dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais está seca. Segundo o chefe do parque, diretor Luiz Arthur Castanheira, o evento é inédito e o motivo para isso foi a sucessão de secas que atingem a região há pelo menos três anos.

O parque tem 200 mil hectares de área e preserva, além das nascentes do São Francisco, outros monumentos naturais. Serve como divisor natural de águas das bacias dos rios São Francisco e Paraná.

"A falta de chuvas é um fenômeno natural que ocorre sempre, diminuindo a quantidade de água no rio. Mas a seca está muito forte este ano. É a primeira vez que as nascentes altas do São Francisco estão secas. O pessoal do parque aqui disse que nunca viu nada igual a isso", afirmou.

Castanheira afirmou que, apesar da nascente seca, o curso do rio --que se estende por 2.700 km, de Minas até a divisa entre os Estados de Alagoas e Sergipe-- não está ameaçado, já que outros rios e riachos o alimentam.

"Aqui, na verdade, é o começo do rio, mas tem muito tributário mais para baixo. Essa nascente seca serve para mostrar como estamos com problemas com a pequena quantidade de água", disse.

Segundo Castanheira, no parque, a nascente é alimentada por pequenos córregos, que vão formando a nascente do principal rio mais importante do semiárido brasileiro.

Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, a bacia do rio corta seis Estados --Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Goiás-- e uma pequena parte do Distrito Federal, chegando a 504 municípios. O rio é a única alternativa de água para milhares de pessoas que vivem no semiárido desses Estados.

O rio também é alvo da maior obra do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), com a transposição que constrói dois canais com um total de 477 km, que vão retirar água do rio e levar a 390 municípios do sertão de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Segundo o Ministério da Integração Nacional, as obras físicas do projeto estão 62,4% executadas, e a entrega dos canais deve ocorrer em 2015.

Incêndios

Além da seca, o parque da Serra da Canastra também está sofrendo com os incêndios. Desde o dia 20 agosto, o chefe do parque disse que já foram oito focos registrados.

Por conta dos incêndios e de obras na estrada de acesso, o parque foi fechado desde a sexta-feira passada (19) e só deve ser reaberto no dia 6 de outubro. "Isso ocorre em situações em que precisamos preservar a segurança das pessoas que passam por aqui", alertou.

China e o consumo das Comodites.

Você quer saber para onde os mercados de commodities irão nos próximos anos? Então, é melhor que você tenha em mente uma palavra: China.

Como a maior e uma das economias que mais crescem entre as emergentes, a China se tornou uma voraz consumidora de commodities industriais e agrícolas. As mudanças em sua demanda são hoje o principal motor dos preços de vários produtos. Os produtores costumam tomar decisões sobre grandes investimentos com base na expectativa da demanda da China por seus produtos. Investidores fazem cálculos semelhantes para vender ou comprar contratos de commodities ou relacionados a elas.

É por isso que nenhum outro fator, provavelmente, terá um impacto mais abrangente sobre o mercado de commodities nos próximos anos que as transformações da economia chinesa, conforme a evolução econômica do país. "Essa é a grande questão", diz Richard Adkerson, diretor-presidente da Freeport-McMoRan Cooper & Gold Inc.

Se o consumo chinês de commodities continuar crescendo no ritmo dos últimos dez anos, isto é o que o mundo deveria fazer para atender à demanda em 2020 (considerando que o apetite coletivo global não mudasse em nada):

- Extrair adicionalmente quase o mesmo volume de petróleo ofertado atualmente pela Arábia Saudita;

- Produzir três vezes o volume de soja que hoje sai do Estado americano de Iowa, que sozinho é responsável por 5% da produção mundial;

- Retirar das minas quase três vezes mais a produção anual de cobre do Chile, que já produz cerca de quatro vezes mais que qualquer outro país.

E isso seria só para começar. Grandes quantidades de suprimento seriam necessárias também para várias commodities.

Os preços que dispararam para valores recordes nos últimos anos, puxados pela demanda chinesa, poderiam voar até mais alto. Seria uma boa notícia para empresas que produzem essas commodities e para os investidores que apostaram nelas - a menos que os preços altos, abruptamente reprimam a demanda ou estimulem os chineses e outros consumidores de commodities a buscarem produtos alternativos.

Produtos que têm estoques apertados ou risco de restrições, como é o caso do petróleo, do cobre e do paládio, poderiam se tornar vulneráveis a fortes altas.

Muitos analistas consideram o cenário de forte expansão como improvável. O consenso é que a China está caminhando para um crescimento econômico mais lento que o visto entre 2001 e 2010, quando a taxa anual de expansão variou entre 8,3% a 14,2% e alcançou dois dígitos em seis ocasiões, de acordo com o Banco Mundial. Se o consenso estiver correto, a questão é em quanto o crescimento da China vai cair.

Uma taxa de crescimento de 4% a 6% seria de ótimo tamanho para o Brasil e outras economias. Mas não para a China. Essa é a faixa de expansão projetada para a economia chinesa para ao redor de 2013 ou 2014 pela Roubini Global Economics LLC, empresa de consultoria e pesquisa sediada em Nova York. Shelley Goldberg, diretora de estratégia global para commodities e recursos naturais, considera isso uma "freada brusca", ou "hard landing", depois de uma expansão bem mais veloz na década passada. "Obviamente, não é um bom presságio para as commodities", diz Goldberg.

A demanda por aço, cobre e outros metais industriais poderia encolher bastante se a China, de fato, estagnar, já que esses materias são muito na construção civil - que estaria em risco, no caso de um desaquecimento do mercado imobiliário chinês. A China normalmente responde por cerca de 40% da demanda global por esses materiais. A demanda de carvão também poderia despencar, diz ela, porque ele é muito utilizado na China para gerar energia.

Algumas commodities poderiam sofrer não porque a China as utiliza mais que qualquer um, mas porque o país tem sido o grande responsável pelo crescimento de seus mercados. Por exemplo, embora a China responda por apenas cerca de 11% da demanda global de petróleo, de acordo com o Barclays Capital, o país é responsável por 60% do crescimento dessa demanda.

Da mesma forma, uma freada brusca poderia ser mais danosa para o mercado de soja que o de milho porque a China é um grande importador de soja, mas produz quase todo o milho que consome, diz Kevin Norrish, diretor-gerente da área de pesquisa de commodities do Barclays Capital.

A China já se tornou o principal destino das exportações brasileiras, e a soja é a segunda maior exportação para o país, atrás de minério de ferro, segundo o Ministério do Desenvolvimento.

Para muitos observadores da China, incluindo o Barclays, o mais provável é um cenário em que a economia continue se expandindo fortemente, mas num ritmo menos acelerado. Isso se traduziria em uma contínua pressão de alta para os preços da maioria das commodities, com algumas subindo bastante, mas na maioria dos casos não atingindo a disparada que seria provocada por uma economia ardente.

"Nós ainda vemos uma série de razões pelas quais o crescimento deve continuar, mas com o tempo a taxa de expansão vai se desacelerar", diz Jim Lennon, analista especializado no mercado chinês de commodities, do Macquarie Group Ltd, uma das principais referências para os produtores de commodities.

Mesmo em um momento mais lento, mas estável, a demanda - e os preços - de algumas commodities podem dar saltos. Por exemplo, a China usa menos gás natural per capita que muitos outros países, diz Neil Beveridge, um analista sênior do banco de investimento Sanford C. Bernstein, em Hong Kong. Isso vai mudar, diz ele, à medida que mais pessoas usarem o combustível para aquecer ou refrescar suas casas e volumes maiores sejam consumidos pela indústria.

Ao mesmo tempo, a demanda por algumas commodities agrícolas deve crescer, mas pode diminuir por outras, diz Scott Rozelle, professor da Universidade de Stanford, que estuda agricultura chinesa.

Afinal, a China é um mercado tão grande que qualquer aumento em consumo - mesmo uma expansão econômica lenta, mas estável - cria um grande volume de demanda fresca e proporcionalmente estimula dos preços. Como diz Goldberg: "Eles ainda são 1,3 bilhão de pessoas".

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Germaneno - surge novo super material.

Isso foi publicado ontem em uma revista científica. Nem no Google tem. Parte da publicação está em inglês. Só os mais TOPs vão atrás. 

ermaneno.jpgEthevaldo
22/09/2014 - Você já ouviu falar do Germaneno? Até hoje, eu nunca tinha ouvido, pois, a novidade é tão recente que nem o Google registra o significado de Germaneno (Germanene, em inglês), um material integrado por uma camada da espessura de apenas um átomo de germânio e que só foi anunciado ao mundo neste mês de setembro de 2014, quando um grupo de cientistas liderados por Guy Le Lay, da Universidade de Aix-Marseille, publicou um artigo especial no New Journal of Physics dando notícia do novo material.

Já falamos aqui em grafeno um material revolucionário formado por camadas finíssimas de apenas um átomo e com propriedades extraordinárias. Outros materiais desse mesmo tipo estão surgindo, entre os quais o Silicieno (de silício) e o Staneno (de estanho), um material teoricamente previsto pelo grupo liderado pelo cientista Prof. Shoucheng Zhang's da Universidade de Stanford, EUA.

A foto aqui publicada é do Grafeno, mas – supostamente – o germaneno é muito parecido, preveem alguns cientistas. Veja abaixo algumas informações adicionais que levantei na Wikipedia, em inglês.

(...) Germanene is a material made up of a single layer of germanium atoms.[1] The material is created in a process similar to that of silicene and graphene, in which high vacuum and high temperature are used to deposit a layer of germanium atoms on a substrate.[1] High-quality thin films of germanene have revealed unusual two-dimensional structures with novel electronic properties suitable for semiconductor device applications and materials science research.In September 2014, G. Le Lay and others reported the deposition of a single atom thickness, ordered and two-dimensional multi-phase film by molecular beam epitaxy upon a gold surface in a crystal lattice with Miller indices (111). The structure was confirmed with scanning tunneling microscopy (STM) revealing a nearly flat honeycomb structure.[2]
We have provided compelling evidence of the birth of nearly flat germanene—a novel, synthetic germanium allotrope which does not exist in nature. It is a new cousin of graphene.
—Guy Le Lay from Aix-Marseille University, New Journal of Physics

(...) Germanene's electronic and optical properties have been determined from ab initio calculations,[13] and structural and electronic properties from first principles.[14] These properties make the material suitable for use in the channel of a high-performance field-effect transistor[15] and have generated discussion regarding the use of elemental monolayers in other electronic devices.[16] The electronic properties of germanene are unusual, and provide a rare opportunity to test the properties of Dirac fermions.[17][18] These unusual properties are generally shared by graphene, silicene, germanene, and stanene.[18]

(...) Stanene[1][2] is a topological insulator, theoretically predicted by Prof. Shoucheng Zhang's group at Stanford, which may display dissipationless currents[clarification needed] at its edges near room temperature. It is composed of tin atoms arranged in a single layer, in a manner similar to graphene.[3] Stanene got its name by combining stannum (the Latin name for tin) with the suffix -ene used by graphene.[4] Research is ongoing in Germany and China, as well as at laboratories at Stanford and UCLA.[5]

sábado, 20 de setembro de 2014

IBGE diz que Pnad tem erro.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou na tarde desta sexta-feira (19) ter errado nos resultados da Pnad-2013 (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), divulgados ontem (18). "Queremos pedir desculpa a toda sociedade brasileira", afirmou Wasmália Bivar, presidente do IBGE. 

Os erros nos cálculos do crescimento populacional de sete Estados brasileiros, com mais de uma região metropolitana, acabaram influenciando na medição nacional. O equívoco afetou diversos índices divulgados, como analfabetismo e o índice de Gini, que calcula o nível de desigualdade. 

O índice da desigualdade recuou em 2013 para 0,495 ante 0,496 em 2012. Na quinta-feira, o IBGE tinha informado que o índice tinha subido para 0,498. Pelos critérios do indicador, quanto mais perto de zero menor é a desigualdade de um país. "Houve uma desconcentração, reduziu a desigualdade", disse Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa. 

Já a estimativa da renda do trabalho teve uma alta menor do que a apresentada na primeira versão e reestimada de 5,7% para 3,8%. O renda média, portanto, mudou de R$ 1.681 para R$ 1.651.

A taxa de desemprego não sofreu alteração e ficou em 6,5% no ano passado --acima do 6,1% de 2012.   Mas, diferentemente dos dados originais, o aumento da população desocupada foi menor: 6,3% contra os 7,2% divulgados anteriormente.

Texto extraído da uol online. 

domingo, 14 de setembro de 2014

Entenda a ascensão do Estado Islâmico.

Na última terça-feira (19), imagens da decapitação de um repórter fotográfico norte-americano pelo grupo Estado Islâmico (EI) chocaram o mundo. Elas evidenciaram a brutalidade da violenta campanha empreendida na Síria e no Norte do Iraque, onde o grupo, no início do mês, invadiu áreas sob controle dos curdos deixando mais de 1 milhão de refugiados. A nova organização, fundada em 2004, a partir do braço iraquiano da conhecida Al Qaeda, tem a proposta de recriar o califado - a forma islâmica de governo, extinta em 1924 -, que representa a unidade política do mundo islâmico e sobrepõe a ideia de pertencimento nacional, extinguir as fronteiras e impor a sharia, a lei islâmica.

“Eles não reconhecem a legitimidade dos Estados que foram implementados no Oriente Médio, a partir dos interesses ocidentais, e então, simbolicamente, por exemplo, queimam os passaportes, as identidades nacionais. Eles querem criar uma identidade árabe, mas com base numa sustentação sunita do Islã”, explica o professor da Universidade de Brasília (UnB) Pio Penna, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (Ibri).

Segundo Penna, a desestabilização do governo xiita no Iraque, que não soube se articular com os sunitas, outro ramo do islamismo, e com os curdos, etnia que vive no Norte do país, foi o cenário propício para a expansão do Estado Islâmico. “O governo xiita não soube fazer uma composição adequada e sua legitimidade foi erodida. O Estado Islâmico foi explorando essas brechas, principalmente na Região Norte do país”, disse. Para o professor, os Estados Unidos não conseguiram cumprir a promessa de levar democracia ao Iraque após a invasão de 2003, que resultou na queda de Saddam Hussein, e o Estado iraquiano foi se “esfacelando”.

“O nome inicial era Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que é a região da Síria. Eles ganharam tanta confiança que mudaram o nome para Estado Islâmico, tirando a dimensão regional. A noção do califado é voltar ao império árabe muçulmano”, diz Penna.

Grandes potências, como os Estados Unidos, a Alemanha, o Reino Unido e a França, elevaram suas preocupações nos últimos dias e anunciaram a ampliação do apoio, com efetivos militares e armas, à resistência contra o EI – composta por curdos e xiitas, no Iraque.

Ontem (21), o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, disse que o Estado Islâmico é uma ameaça "que ultrapassa tudo o que conhecemos" em se tratando de terrorismo. “O Estado Islâmico vai mais longe do que um grupo terrorista. Alia ideologia e sofisticação com conhecimento militar, tático e estratégico. E é extremamente bem financiado", disse. "Devemos estar preparados para tudo", destacou.

Desde 8 de agosto, o governo norte-americano realiza ataques aéreos a alvos do Estado Islâmico. Apesar das ameaças do grupo de matar outro jornalista refém, caso os ataques não fossem interrompidos, os Estados Unidos mantêm as ofensivas no Norte do Iraque, em apoio às forças curdas.

O diretor-geral do Ibri avalia que a tendência é que o grupo seja contido, mas não erradicado, e controle alguns territórios da Síria e do Iraque por muito tempo. Além disso, os curdos, que há tempos reivindicam um Estado próprio, podem sair fortalecidos ao conter o avanço do EI.

 

Saiba mais sobre o conflito:

 

Grupos religiosos islâmicos: xiitas x sunitas

Sunitas: maior corrente do islamismo, o nome deriva de Suna, livro biográfico com os ensinamentos do profeta Maomé e considerado a segunda fonte da lei islâmica após o Alcorão. Representam quase 90% da população muçulmana. No Iraque, no entanto, não passam de 20%. Os sunitas, originalmente, tinham uma interpretação mais flexível dos textos sagrados e ação política e religiosa mais conciliatória e pragmática, permitindo diálogo maior com outras religiões. Para os sunitas, não é preciso descender de Maomé para ser um bom califa. Grupos como o EI e a Al Qaeda, além de ditadores como Saddam Hussein, pertencem ao grupo sunita.

Xiitas: Representam cerca de 10% dos muçulmanos, mas, no Iraque, são 60% da população, concentrada principalmente no Sul. Seguem princípios mais rígidos e acreditam que apenas os líderes descendentes da família de Maomé são aprovados por Alá e, portanto, têm capacidade de tomar as decisões mais acertadas. Os confrontos com os sunitas começaram no ano 632, com a morte do profeta, seguida pela disputa sobre quem o sucederia como califa. Perseguidos nos governos sunitas do Iraque, chegaram ao poder após a deposição de Saddam Hussein.

 

Etnias: Árabes e Curdos

Árabes: São o maior grupo étnico do Oriente Médio, com cerca de 350 milhões de pessoas. Originário da Península Arábica, formada por regiões desérticas, se espalhou a partir do século 7, com uma grande corrente migratória impulsionada pela expansão do islamismo. O maior fator de unidade entre os árabes não é a religião, mas sim o idioma. São maioria no Egito, na Jordânia, na Síria, no Líbano, no Iraque, nos países da península Arábica e na Palestina.

Curdos: Grupo étnico nativo da região que abrange áreas do Irã, Iraque, da Síria, Turquia, Armênia e Azerbaijão, chamada Curdistão, com 500 mil quilômetros quadrados. Falam o idioma curdo e são mais de 26 milhões de pessoas, representando o maior grupo étnico sem Estado do mundo. No Iraque, representam 15% da população e, embora lutem por um Estado independente próprio, são importantes para a luta do país contra o EI na fronteira do Norte.

Yazidis: Minoria que faz parte da etnia curda, mas se diferem da maioria por sua religião, que mistura várias tradições e era praticada pela maioria dos curdos até a expansão do islamismo, durante a Idade Média. Os yazidis acreditam em reencarnação e não seguem nenhum livro sagrado. Creem que Deus colocou a Terra sob a proteção de sete divindades (anjos), sendo o principal deles Malek Taus, o Anjo-Pavão, conhecido, no Alcorão, como Satanás. Por isso, são chamados de “adoradores do diabo” pelos muçulmanos e foram perseguidos por séculos. Nos últimos dias, o EI expulsou milhares de yazidis de seu reduto, a cidade de Sinjan, no Norte do Iraque. Parte deles está recebendo treinamento bélico no Curdistão. Além do EI, sua população também luta contra a sede, a fome e o calor.

 

Estado Islâmico: Também conhecido como Isis, sigla em inglês para Estado Islâmico do Iraque e da Síria, o Estado Islâmico (EI) é um grupo muçulmano extremista fundado em outubro de 2004 a partir do braço da Al Qaeda no Iraque. É formado por sunitas, o maior ramo do islamismo. Entre os países muçulmanos, os sunitas são minoria apenas entre as populações do Iraque e do Irã, compostas majoritariamente por xiitas. Em janeiro deste ano, o EI declarou que o território sob seu controle passaria a ser um califado, a forma islâmica de governo, extinta em 1924, que representa a unidade política do mundo islâmico e que sobrepõe a ideia de pertencimento nacional, pregando o fim de fronteiras e a imposição da sharia. Abu Bakr Al Baghdadi, que liderou o braço da Al Qaeda no Iraque, foi nomeado califa, ou líder, sucessor do profeta Maomé. Em fevereiro, a rede Al Qaeda anunciou que não apoiava o EI, apesar de defenderem o mesmo tipo de ideologia jihadista.

O sunitas radicais do EI consideram que os xiitas são infiéis e devem ser mortos. Aos cristãos, os extremistas dão três opções: a conversão, o pagamento de uma taxa religiosa ou a pena de morte.

No Iraque, o EI tenta se aproveitar da situação conflituosa entre curdos, árabes sunitas, cristãos e xiitas, que atualmente governam o país, para ampliar sua área de controle. Lá, tem a simpatia dos iraquianos sunitas, que estiveram no poder durante as décadas de governo Saddam Hussein, perseguindo a maioria xiita. Atualmente, os sunitas são perseguidos pelo governo xiita. Na Síria, o EI também tem a simpatia de parte dos rebeldes que lutam contra o governo de Bashar Al Assad.

A maior parte dos militantes do EI vem de nações árabes, entre elas, a Arábia Saudita, o Marrocos e a Tunísia. Estima-se que cerca de 3 mil cidadãos de países ocidentais também estejam entre os combatentes. Alguns levantamentos indicam que as nacionalidades dos voluntários do EI chegam a mais de 80.

Embora ainda não haja comprovação, as suspeitas indicam que boa parte dos recursos que financiam o grupo vêm de doadores privados de países do Golfo Pérsico. Apesar do apoio de combatentes de várias nacionalidades, o extremismo e a crueldade com que o EI atua é visto como ameaça pelos próprios sunitas moderados, que detêm o poder político em outros países da região, como Jordânia, Arábia Saudita e Turquia.

 

Sharia: Direito Islâmico. Em várias sociedades islâmicas não há separação entre religião e legislação, dessa forma, as leis são baseadas nas escrituras sagradas e nas interpretações dos líderes religiosos.

 

Jihadistas: Em árabe, jihad significa empenho, esforço. No islamismo, é entendida como luta consigo mesmo em busca da fé perfeita e o esforço para levar a religião islâmica a outras pessoas. De acordo com o Alcorão, livro sagrado do Islã, baseado na vida do profeta Maomé, quem participa da jihad alcançará a felicidade no paraíso. É usada pelos extremistas para justificar ações terroristas contra populações consideradas “infiéis” por não seguirem os mesmos princípios religiosos. No Ocidente, a jihad é comumente chamada de “guerra santa” e, por esse motivo, os militantes do EI são chamados de jihadistas. Na Idade Média, quem liderava a jihad era o califa, representado hoje por Abu Bakr Al Bagdadi.

Texto extraído da Agencia Brasil.