O Parlamento da Ucrânia convocou uma reunião de segurança e pediu ajuda a governos ocidentais após homens armados haverem tomado o controle de dois aeroportos na região da Crimeia, uma ação que o governo em Kiev descreveu como invasão e ocupação por parte das forças russas.
O comando russo da frota do Mar Negro, no entanto, negou nesta sexta-feira (28/02) qualquer participação na ocupação de um aeroporto militar na península da Crimeia. Citando um porta-voz militar, a agência de notícias Interfax informou que soldados russos não teriam adentrado a região do aeroporto próximo à cidade de Sebastopol e também não o teriam bloqueado.
Frente à crescente tensão na península da Crimeia, o Parlamento ucraniano apelou aos EUA e ao Reino Unido para que garantam a soberania do país do Leste Europeu. Por meio de uma resolução, os deputados em Kiev instaram, nesta sexta-feira, os países signatários do Memorando de Budapeste a "reiterar" suas garantias de segurança à Ucrânia e a contribuir para a diminuição das tensões com negociações imediatas.
No Memorando de Budapeste, de 1994, os EUA, o Reino Unido e a Rússia comprometeram-se a garantir a independência e as atuais fronteiras da Ucrânia. Em contrapartida, a Ucrânia abdicou das armas nucleares que permaneceram no país após o desmantelamento da União Soviética e assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
O presidente interino da Ucrânia, Olexandr Turchinov, convocou uma reunião do Conselho Nacional de Segurança e Defesa para discutir a situação na Crimeia. Os homens armados que na quinta-feira tomaram o controle do Parlamento regional e da sede do governo em Simferopol seriam "terroristas que operam sob bandeira russa", disse Tuchinov no Parlamento em Kiev. Anteriormente, o ministro do Interior, Arsen Avakov, havia acusado os russos de "invasão armada" na Crimeia.
Acusações do ministro
Segundo Avakov, membros da frota russa do Mar Negro, estacionada na Crimeia, teriam bloqueado o aeroporto de Sebastopol e continuariam na área do aeroporto de Simferopol, capital da península.
Em sua página do Facebook, Avakov afirmou que se trata de uma ação que viola todos os acordos e normas internacionais, como também de uma "direta provocação" em território de um Estado independente. De acordo com o ministro interino, embora os soldados não estivessem usando nenhum sinal distintivo, eles não estariam escondendo sua "filiação" às tropas russas.
Avakov disse ainda que o aeroporto militar próximo a Sebastopol, onde estão estacionados soldados ucranianos e guardas de fronteira, estaria desativado. Também os cerca de 120 homens armados no aeroporto de Simferopol seriam soldados russos, afirmou o ministro.
Segundo a agência de notícias AFP, o aeroporto de Simferopol permanece aberto, enquanto homens armados e vestidos com uniformes militares patrulham a área externa. Civis ativistas pró-russos também estariam presentes na região do aeroporto, mas sem prejudicar o seu funcionamento, disse a agência.
República autônoma
Durante a madrugada desta sexta-feira, cerca de 50 homens armados não identificados tomaram o controle do aeroporto de Simferopol, um dia depois da ocupação do Parlamento e da sede do governo na república autônoma da Crimeia, informou a agência Interfax. Segundo a agência, os homens armados chegaram ao aeroporto em caminhões, carregando bandeiras da Marinha russa.
Na quinta-feira, o Parlamento regional da Crimeia, que permaneceu sob o controle do comando armado pró-russo, votou a favor da realização de um referendo no dia 25 de maio, para ampliar a autonomia da região em relação a Kiev. O Parlamento também expulsou o governo ucraniano local. No dia 25 de maio também deverão ser realizadas eleições presidenciais antecipadas na Ucrânia, depois da destituição, no último fim de semana, do presidente Viktor Yanukovych.
A Crimeia já possui o estatuo de república autônoma dentro da Ucrânia, depois de ter pertencido à Rússia, no âmbito da União Soviética, e de ter sido anexada à Ucrânia em 1954. Além de a principal base da frota russa do Mar Negro se localizar em Sebastopol, dois terços da população da república ucraniana autônoma da Crimeia é de origem russa.
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