Os atentados na Argentina contra a embaixada de Israel (1992, 29 mortos) e a associação judia AMIA (1994, 85 mortos) continuam sem esclarecimento e o caso como um todo se complicou com a morte do promotor encarregado, Alberto Nisman.
A morte de Nisman acontece no mesmo dia em que ele devia comparecer para explicar sua denúncia contra a presidente Cristina Kirchner, a quem acusou de acobertar o Irã no caso relacionado com a AMIA.
Muitas questões precisam ser elucidadas sobre esses ataque ocorridos em Buenos Aires contra a comunidade judia, a maior da América Latina, e registrados durante o mandato do presidente Carlos Menem (1989-1999).
- 17 de março de 1992: às 14h45 uma explosão na embaixada de Israel em Buenos Aires deixa 29 mortos e mais de 200 feridos.
- 18 de julho de 1994: explode uma bomba na entrada da AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina) às 9h53. Oitenta e cinco pessoas morreram, e 300 ficam feridas.
- Julho de 1994: o juiz que investiga o atentado, Juan José Galeano, viaja a Caracas, Venezuela, para entrevistar Manoucher Motamer (depois assinalado como agente da CIA), um ex-diplomata iraniano que entrega informações que incriminam funcionários da embaixada iraniana em Buenos Aires.
- Julho de 1996: três policiais de alto escalão e outro reformado são suspeitos de participar no ataque.
- Julho de 1997: o promotor Alberto Nisman se incorpora à investigação.
- 24 de setembro de 2001: começa o julgamento oral e público do caso AMIA.
- 21 de agosto de 2003: Hade Soleimanpour, ex-embaixador iraniano na Argentina, é detido no Reino Unido por um pedido de extradição da Argentina por seu suposto vínculo no atentado contra a AMIA. Em 12 de novembro de 2003, o Reino Unido rejeita por falta de provas o pedido de extradição.
- 3 de dezembro de 2003: a Câmara Federal remove o juiz Galeano da causa e o substitui por Rodolfo Canicoba Corral, até hoje juiz do processo.
- Setembro de de 2004: um tribunal declara nula a causa e absolve todos os imputados assinalados como "conexão local", entre eles policiais, depois de quase três anos de julgamento oral.
- 13 de setembro de 2004: ex-presidente Néstor Kirchner cria uma promotoria especial para o caso AMIA, a cargo de Nisman.
- 3 de agosto de 2005: conselho da Magistratura destitui o juiz Galeano por irregularidades na investigação.
- 19 de setembro de 2006: o juiz federal Ariel Lijo processa Hugo Anzorreguy, chefe do Serviço de Inteligência da Argentina (SIDE) nos anos 1990; o ex-juiz Galeano; o ex-presidente da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (DAIA) Rubén Beraja, entre outros, por detenção ilegal, confissões forçadas e falsificação de documentos.
- 25 de outubro de 2006: Nisman acusa formalmente o Irã de estar por trás dos atentados e o Hezbollah de executá-los.
- 7 de novembro de 2007: Argentina solicita à Interpol um pedido de prisão para cinco iranianos, entre eles, Ali Fallhijan, ex-ministro da Segurança; Mohsen Rezai, ex-comandante da Guarda Revolucionária e Mohsen Rabbani, ex-adido cultural da embaixador do Irã em Buenos Aires.
- Setembro de 2009: a presidente argentina, Cristina Kirchner, exigiu do Irã, perante a Assembleia Geral da ONU, que extradite seus funcionários indiciados.
- 1º de outubro de 2009: o juiz Lijo processa por acobertamento o ex-presidente Carlos Menem (1989/99) e funcionários acusados de irregularidades na investigação, entre eles Juan José Galeano.
- Novembro de 2010: o WikiLeaks revela contatos de funcionários da embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires com o promotor Nisman.
- 27 de janeiro de 2013: Argentina e Irã assinam um memorando de entendimento para tentar avançar com o processo. O acordo, vetado pelos parlamentares opositores e denunciado como "inconstitucional" pela AMIA, considerava a criação de uma Comissão da Verdade integrada por cinco juristas internacionais e que Argentina pudesse interrogar no Irã os cinco imputados.
- 14 de janeiro de 2015: Nisman acusa a presidente Cristina Kirchner e seu chanceler Héctor Timerman de encobrir o Irã no atentado contra a AMIA e pede que seja interrogada.
- 18 de janeiro de 2015: o promotor Nisman, de 51 anos, é encontrado morto em seu apartamento de Buenos Aires, com uma arma de fogo junto ao corpo, horas antes de comparecer ao Congresso para explicar a denúncia contra a presidente.
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