quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Breve histórico do terrorismo no mundo

Os atos e ataques terroristas, segundo alguns estudiosos, tiveram início no século I d. C., quando um grupo de judeus radicais, chamados de sicários (Homens de punhal), atacava cidadãos judeus e não judeus que eram considerados a favor do domínio romano. Outros indícios que confirmam as origens remotas do terrorismo são os registros da existência de uma seita mulçumana no final do século XI d. C., que se dedicou a exterminar seus inimigos no Oriente Médio. Dessa seita teria surgido a origem da palavra assassino.

terrorismo moderno tem sua origem no século XIX no contexto europeu, quando grupos anarquistas viam no Estado seu principal inimigo. A principal ação terrorista naquele período visava à luta armada para constituição de uma sociedade sem Estado – para isso, os anarquistas tinham como principal alvo algum chefe de estado e não seus cidadãos.

Durante a segunda metade do século XIX, as ações terroristastiveram uma ascensão, porém foi no século XX que houve uma expansão dos grupos que optaram pelo terrorismo como forma de luta. Como consequência dessa expansão, o raio de atuação terrorista aumentou, surgindo novos grupos, como os separatistas bascos na Espanha, os curdos na Turquia e Iraque, os mulçumanos na Caxemira e as organizações paramilitares racistas de extrema direita nos EUA. Um dos seguidores dessa última organização foi Timothy James McVeigh, terrorista que assassinou 168 pessoas em 1995, no conhecido atentado de Oklahoma.

Com o desenvolvimento da ciência e tecnologia no século XX, as ações terroristas passaram a ter um maior alcance e poder, através de conexões globais sofisticadas, uso de tecnologia bélica de alto poder destrutivo, redes de comunicação (internet) etc.

No início do século XXI, principalmente após os ataques terroristas aos EUA, no ano de 2001, estudiosos classificaram o terrorismo em quatro formas: o terrorismo revolucionário, que surgiu no século XX e seus praticantes ficaram conhecidos como guerrilheiros urbanos marxistas (maoístas, castristas, trotskistas e leninistas). O terrorismo nacionalista, que foi fundado por grupos que desejavam formar um novo Estado-nação dentro de um Estado já existente (separação territorial), como no caso do grupo terrorista separatista Eta, na Espanha (o povo Basco não se identifica como espanhol, mas ocupa o território espanhol e é submetido ao governo da Espanha).

terrorismo de Estado épraticado pelos Estados nacionais e seus atos integram duas ações. A primeira seria o terrorismo praticado contra a sua própria população. Foram exemplos dessa forma de terrorismo: os Estados totalitários Fascistas e Nazistas, a ditadura militar brasileira e a ditadura de Pinochet no Chile. A segunda forma se constituiu como a luta contra a população estrangeira (xenofobismo).

E o terrorismo de organizações criminosas, que são atos de violência praticados por fins econômicos e religiosos, como nos casos da máfia italiana, do Cartel de Medellín, da Al Qaeda, etc.  

No mundo contemporâneo, as ameaças terroristas são notícias recorrentes na imprensa, “para a maior visualização do terrorismo mundial, a mídia exerce um papel fundamental. Mas é evidente que também cria um sensacionalismo em torno dos terroristas [...] a mídia ajuda a justificar a legalidade e a necessidade de ações antiterroristas que, muitas vezes, levam adiante banhos de sangue e violações aos direitos humanos que atingem mais a população civil do que os próprios terroristas” (SILVA; SILVA, 2005: 398-399).

É importante refletir sobre o terror como prática e o discurso sobre o terror. A separação dessas ações é fundamental para a compreensão da prática terrorista e para a análise dos discursos construídos sobre o terrorismo. Feito isso, será possível entender as questões políticas e ideológicas que estão por trás das práticas e discursos sobre o terror. Assim sendo, estaremos mais aptos a questionar, lutar e compreender por que tantas pessoas matam e morrem por determinadas causas, sejam elas políticas, religiosas, econômicas ou culturais.

É mais que necessário a sociedade compreender as ideologias que movem as práticas terroristas e os discursos construídos sobre essas práticas. A cada ano que passa, a humanidade se sente mais acuada e receosa, temerosa de ataques com armas de destruição em massa.  

Serviços já somam quase 70% do PIB

Desde 2003, a Indústria perdeu considerável terreno entre as atividades econômicas responsáveis pela produção de bens e serviços (PIB) no Brasil. De 27,8% do PIB, naquele ano, a participação do setor caiu para 24,9% do PIB, em 2013 (menos 2,9 pontos porcentuais) –mostram as Contas Nacionais divulgadas nesta quinta-feira pelo IBGE.

Importante destacar o caso da Indústria de Transformação. O subitem equivale à metade de toda a Indústria nacional. Sua a queda na formação do PIB foi de nada menos que 5,0 pontos entre 2003 e 2013, dos 18% para os 13%.

E, embora a Agropecuária tenha sido responsável por parte significativa do crescimento econômico do Brasil no ano passado; e mesmo que seja festejada com razão pelo governo por seus sucessivos recordes; ela perdeu espaço no PIB nacional entre 2003 e 2013: recuou de 7,4% para 5,7% da atividade econômica.

Enquanto isso, no mesmo período, a faixa ocupada pelos Serviços subiu 4,6 pontos porcentuais, de 64,8% do PIB para 69,4% do PIB. Mostra a força do consumo obtido pelo incremento de renda observado no Brasil nestes anos.

De um lado, o PIB per capita do Brasil avançou 51% desde 2003 até o ano passado– este presente texto considera os dados do Fundo Monetário Nacional, ligeiramente diferentes dos do IBGE. De outro, embora a maior parte da renda ainda esteja muito concentrada entre poucos brasileiros, já está bem menos do que era.

Os 38% da população de classe média, em 2003, viraram são 54%. E a considerada classe alta subiu de 13% para 22% dos consumidores entre os mesmo anos. Para 2023, a previsão é de ainda maior poder de compra: a classe média deve ser de 58% dos brasileiros; a classe alta, de 33%.

Está justamente aí está a principal justificativa do avanço dos Serviços: não só de geladeira, tevê de LCD, carro do ano se vive. A classe média também consome seguros de toda a espécie, frequenta salões de beleza e viaja. E, como não tem acesso a serviços de saúde e educação de qualidade, paga cada vez mais por eles.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Participação da Indústria no PIB cai a níveis da década de 50

A participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) foi de 13,3% em 2012, retrocedendo ao nível que o setor tinha na economia em 1955, antes da implantação do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. E, mantida as atuais condições de crescimento, essa participação deverá cair para 9,3% em 2029.

Os dados fazem parte da pesquisa "Por que reindustrializar o Brasil?", elaborada pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

O estudo aponta duas metas para tirar o País da inércia: dobrar a renda per capita em 20 anos, com um crescimento do PIB de 4,01% ao ano e um crescimento médio de 3,52% da renda per capita; ou alcançar essa meta em 15 anos, com alta do PIB de 5,29% ao ano.

"Essa meta exige uma estratégia que passa por aumentar o investimento e a participação da indústria no PIB, com planejamento de longo prazo. Não temos hoje estratégias bem definidas, trabalhamos no improviso, onde as decisões são tomadas por pressões de setores mais organizados", diz o diretor do Decomtec, José Ricardo Roriz Coelho. "No ano que vem, vamos ter eleições e nosso desejo é colocar essa reflexão para que a sociedade possa perceber que podemos ir muito mais longe."

O estudo trabalha com o conceito de "desindustrialização", que não significa o fechamento de empresas, mas a sua participação na geração de riquezas em relação a outros setores da economia. A desindustrialização ocorre quando a indústria de transformação atinge uma renda per capita elevada, momento a partir do qual há o fortalecimento do setor de serviços.

No caso dos Estados Unidos, Alemanha, Japão, Reino Unido e Itália esse fenômeno ocorreu a partir do momento em que a renda per capita média atingiu US$ 19,5 mil. "Até US$ 10 mil de renda per capita, as pessoas procuram produtos, querem se vestir, morar etc. Quando a renda passa disso, as pessoas começam a ter acesso a bens que não tinham antes, como geladeira, televisão, carro. Quando chega em US$ 20 mil a casa dela já está recheada de produtos e ela passa a demandar serviços, cultura, férias", explica Coelho.

Renda. O estudo analisou dados da desindustrialização de 25 países com população acima de 25 milhões de pessoas. Destes, nove conseguiram dobrar a renda per capita de US$ 10 mil para US$ 20 mil. E, segundo a pesquisa, esse movimento foi possibilitado pelo fato de a indústria representar 20% do PIB nesses países. "Há evidências de que uma maior participação da indústria de transformação no PIB e uma elevada taxa de investimento contribuem para uma maior taxa de crescimento econômico", informa o estudo.

Diferentemente desses países que se "desindustrializaram" de forma "natural" na década de 1970, o Brasil começou este processo, de acordo com a Fiesp, em 1985, sem, no entanto, elevar a renda per capita a um nível capaz de movimentar a roda da economia. Em 1985, o PIB per capita era de US$ 7,6 mil, chegando a US$ 10,3 mil no ano passado. Por isso, a Fiesp chama esse movimento de desindustrialização prematura.

A renda per capita no Brasil era 40% da renda per capita do Japão e 31,2% da renda dos Estados Unidos em 1973, quando esse processo teve início nesses dois países. O resultado desse processo, de acordo com a tese, é um PIB e uma renda per capita que evoluem muito pouco.

"No Brasil, os salários subiram, mas quando a população foi comprar produtos, pegou a indústria brasileira sem competitividade, o que incentivou a importação. Há dez anos, de cada dez produtos manufaturados consumidos, um era importado. Neste ano, de cada quatro, um vai ser importado", explica Coelho, que critica a carga tributária, a falta de planejamento de longo prazo e os gargalos na infraestrutura, que contribuem para a crise.

Para alcançar as metas estipuladas pelo estudo, Paulo Skaf, presidente da Fiesp, também defende o fim do Custo Brasil. "As fábricas brasileiras precisam ter condições de igualdade para competir com as estrangeiras. Mas o chamado Custo Brasil tem minado a competitividade brasileira", diz o executivo, em entrevista por e-mail.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Tudo sobre o Mercosul

Criação do Mercosul

 

A integração é fenômeno comum no mundo deste final de século. Quase todas as grandes economias mundiais encontram-se, de alguma forma, envolvidas em processos de integração econômica. Estados Unidos (NAFTA), Europa (União Européia), América latina (Pacto Andino e MERCOSUL), Ásia (Cer,) e África (Sadec) - a integração está por toda a parte.

Nome: Mercado Comum do Sul (MercadoComun del Sur – Mercosur)

CriaçãoEm 26.3.1991, em Assunção (Paraguai), foi assinado o Tratado de Assunção.

Integrantes:  Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Associados: Bolívia e Chile.

Sede: Montevidéu (Uruguai).

Objetivos: Criar um mercado comum com livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos; adotar uma política externa comum; coordenar posições conjuntas em foros internacionais; coordenar políticas macroeconômicas e setoriais; e harmonizar legislações nacionais, com vistas a uma maior integração. Ampliar as possibilidades para que os países aumentem sua produtividade, Na linguagem econômica, isso se chama de "economia de escala". 

Ela permite que se conquiste maior competitividade no comércio internacional pelo aumento da produção de bens;

Organização: Mercosul possui uma estrutura orgânica intergovernamental (não há órgãos supranacionais), havendo, contudo, uma Presidência Pro Tempore, exercida por sistema de rodízio semestral. As decisões doMercosul são sempre tomadas por consenso e sua organização compreende: A criação doMercosul, bloco econômico em vigor desde 1o de janeiro de 1995, institui uma zona de livre-comércio entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e posterior inclusão de Chile e Bolívia. O acordo não representa uma ação diplomática isolada, mas o resultado de um longo processo de aproximação entre os países-membros.


Histórico

A criação do MERCOSUL, objetivo definido pelo Tratado de Assunção, de 26/03/91, e reafirmado pelo Protocolo de Ouro Preto, de 17/12/94, não apresenta uma ação diplomática isolada, mas sim o resultado de um longo processo de aproximação entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Durante a década de 1970, obstáculos de natureza política e econômica inviabilizaram o aprofundamento do processo de integração na América Latina. O diferença relativa ao aproveitamento dos recursos hídricos da Baciado Prata, por exemplo, opôs os dois maiores países da região -Brasil e Argentina- durante anos, e somente foi superado no final da década de 70.

Na década de 40 foi criada a CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina, mas foi na década de 60 que ocorreu a primeira tentativa da criação de um Mercado Comum Latino-Americano, com a assinatura do Tratado de Montevidéu, quando surgiu a ALALC (Associação Latino Americana de Livre Comércio). O Tratado que instituiu a ALALC, porém, ficou superado, pois faltavam instrumentos adequados para concretizar a integração.

Foi a criação da ALADI, em substituição à ALALC (Associação Latino-Americana de Livre Comércio), em 1980, que gerou as condições necessárias à promoção, em bases mais realistas, do aprofundamento do processo de integração latino-americana. A extinção da "cláusula de nação mais favorecida regional", adotada pela ALALC, permitiu a outorga de preferências tarifárias entre dois ou mais países da ALADI, sem a extensão automática das mesmas a todos os membros da Associação, o que viabilizou o surgimento de esquemas sub-regionais de integração, como o MERCOSUL.

A integração Brasil-Argentina, antecedente imediato do MERCOSUL, foi impulsionada por três fatores principais:

1.
a superação das divergências geopolíticas bilaterais;
2.
o retorno à plenitude do regime democrático nos dois países; e
3.
a crise do sistema econômico internacional.

Primeiro de uma série de acordos bilaterais que precederiam o MERCOSUL, a "Declaração de Iguaçu", firmada pelos Presidentes Sarney eAlfonsin em 30/11/85, buscava acelerar a integração dos dois países em diversas áreas (técnica, econômica, financeira, comercial, etc.) e estabelecia as bases para a cooperação no campo do uso pacífico da energia nuclear.

Em 20 de julho de 1986, foi assinada a "Ata de Integração Brasileiro-Argentina", que estabeleceu os princípios fundamentais do "Programa de Integração e Cooperação Econômica" - PICE. O objetivo do PICE foi o de propiciar a formação de um espaço econômico comum por meio da abertura seletiva dos mercados brasileiro e argentino. O processo de integração brasileiro-argentino evoluiu, em 1988, para a assinatura do "Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento", cujo objetivo era constituir, no prazo máximo de dez anos, um espaço econômico comum por meio da liberalização integral do comércio recíproco. O Tratado previa a eliminação de todos os obstáculos tarifários e não-tarifáriosao comércio de bens e serviços. Foram assinados 24 Protocolos em diversas áreas, sendo que os de natureza comercial foram posteriormente consolidados em um único instrumento: o Acordo de Complementação Econômica nº 14, da ALADI.

Nesse contexto, circunstâncias de natureza política, econômica, comercial e tecnológica, decorrentes das grandes transformações da ordem econômica internacional, exerceram papel relevante no aprofundamento ainda maior da integração brasileiro-argentina:

1.
o fenômeno da globalização da economia, com o surgimento de uma nova estrutura de produção e o advento de um novo padrão industrial e tecnológico;
2.
a formação dos megablocos econômicos e a tendência à regionalização do comércio, com influência no direcionamento dos fluxos de capital, bens e serviços;
3.
os impasses do multilateralismoeconômico, prevalecentes em certas fases do processo de negociação da Rodada Uruguai do GATT;
4.
o protecionismo e o quadro recessivo em muitas economias desenvolvidas, responsáveis pela absorção de cerca de 65% das exportações latino-americanas;
5.
o esgotamento do modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações;
6.
a tomada de consciência da necessidade de aprofundar o processo de integração como forma de aproveitar o entorno geográfico;
7.
a convergência na adoção de novas políticas econômicas que privilegiavam a abertura do mercado interno, a busca de competitividade, a maximização das vantagens comparativas e a reforma do papel do Estado - mais democrático e menos intervencionista.

Diante de um panorama de crescente marginalização econômica, política e estratégica, causada sobretudo pelas mudanças na estrutura e no funcionamento do sistema econômico mundial, e em face de uma evidente perda de espaço comercial, de redução do fluxo de investimentos e de dificuldades de acesso a tecnologias de ponta, Brasil e Argentina viram-se diante da necessidade de redefinirem sua inserção internacional e regional. Dentro dessa nova estratégia, a integração passa a ter papel importante na criação de comércio, na obtenção de maior eficiência com vista à competição no mercado internacional e na própria transformação dos sistemas produtivos nacionais.

Em 06 de julho de 1990, Brasil e Argentina firmam a "Ata de Buenos Aires", mediante a qual fixam a data de 31/12/94 para a conformação definitiva de um Mercado Comum entre os dois países. Em agosto de 1990, Paraguai e Uruguai são convidados a incorporar-se ao processo integracionista, tendo em vista a densidade dos laços econômicos e políticos que os unem a Brasil e Argentina. Como conseqüência, é assinado, em 26 de março de 1991, o "Tratado de Assunção para Constituição do Mercado Comum do Sul".


Os objetivos econômicos do mercosul

Em primeiro de janeiro de 2006 todos os bens produzidos no Mercosul circularão livremente no espaço econômico integrado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O Mercosulserá um enorme mercado de mais de 250 milhões de habitantes. Uma mesma e única Tarifa Externa Comum (TEC) vigorará para o comércio de produtos entre o Mercosul e o resto do mundo.

Mercosul será um território aduaneiro único, não haverá barreiras alfandegárias ao fluxo comercial interno e os controles que ainda persistirem serão feitos de forma conjunta por autoridades de países vizinhos. O conceito de fronteira praticamente deixará de existir do ponto de vista econômico. As exceções estabelecidas à TEC não mais existirão. Regulamentos e normas técnicas estarão harmonizados, os produtos respeitarão os mesmos critérios e especificações na hora de sua produção e serão vendidos a consumidores que terão garantidos direitos equivalentes, independentemente de seu país de origem. A liberalização do comércio de serviços estará avançada e seus efeitos já se farão sentir nos quatro países: profissionais de várias áreas começarão a ver expandir os horizontes de seu mercado de trabalho.

Os Ministérios de Economia e os Bancos Centrais dos quatro países, tendo atingido suas primeiras metas fiscais comuns, avançarão no processo de coordenação macroeconômica. OMercosul estará inserido, por outro lado, em uma rede de acordos de liberalização comercial que abarcarão todo o continente, e se espalharão por outros horizontes.


Conclusão

O MERCOSUL é hoje uma marca de sucesso. Prova disso é a sua extensa agenda externa, que demonstra o interesse que o bloco tem despertado em países e agrupamentos regionais em todo o mundo.

Como entidade dotada de personalidade jurídica, reconhecimento no Protocolo de Ouro Preto, o MERCOSUL está apto a negociar acordos com terceiros países, grupos de países ou organismos internacionais. O êxito econômico-comercial da integração e o status de entidade dotada de personalidade jurídica garantem ao MERCOSUL a condição de parceiro atrativo para os principais atores econômicos mundiais. O Tratado de Assunção estabeleceu a possibilidade de que outros países membros da ALADI venham a integrar o MERCOSUL.

Nos últimos anos o Mercosul tem buscado, intensamente, sua expansão horizontal, por meio da celebração de acordos de livre comércio com todos os países latino-americanos membros da ALADI. Com isso tem ampliado as dimensões dos mercados nacionais; aproveita vantagens comparativas em âmbito regional; restaura condições de competitividade em mercados da região que participam de outros esquemas de integração e consolida laços políticos com os vizinhos no continente, interesse sobretudo do Brasil, dada a sua dupla condição de país platino e amazônico.

No plano extra-hemisférico, o Mercosul confere especial relevância e prioridade aos entendimentos com a União Européia, seu principal parceiro comercial. Em 15 de dezembro de 1995, o Mercosul e a UniãoEuropéia assinaram, em Madri, o "Acordo-Quadro Inter-Regional de Cooperação Econômica e Comercial". O Acordo contempla objetivos de aproximação e cooperação nas mais variadas áreas, como comércio, meio-ambiente, transportes, ciência e tecnologia e combate ao narcotráfico. Institui, igualmente, mecanismo de diálogo político entre os dois agrupamentos.

Ao contrário das experiências anteriores, desta vez a integração deixou os gabinetes e consolidou-se com negócios. Mais de 300 empresas brasileiras estão investindo na argentina e o comércio regional deu um salto de 34% ao ano desde 1990.

Os blocos econômicos ampliam as possibilidades para que os países aumentem sua produtividade, na linguagem econômica, isso se chama de "economia de escala" permite que se conquiste maior competitividade no comércio internacional pelo aumento da produção de bens.
O ganho de musculatura do mercosul, aliás, interessa não apenas pelos seus impactos sobre a própria economia regional, ummercosul fortalecido mostra-se estratégico para os países da região enfrentarem os grandes blocos.

Dessa forma, fica cada vez mais clara a necessidade dos países assinarem acordos internacionais que os obriguem praticar a "boa política econômica.

 

Mercosul em crise: entra Venezuela, sai Paraguai?

12 de julho de 2013 | 20h46

Gustavo Santos Ferreira

A reunião de cúpula do Mercosul em Montevidéu na manhã desta sexta-feira deu evidências da crise existencial do bloco – chamado de Mercado Comum do Sul, mas que nunca justificou muito seu nome de batismo. Embates políticos e ideológicos prometem soar decibéis muito acima da pauta econômica daqui para a frente.

Os destaques do dia foram: (1) a eleição de NicolásMaduro, presidente da Venezuela, à liderança do grupo; (2) a suspensão da suspensão do Paraguai; e (3) o repúdio aos Estados Unidos pelo caso Snowden.

 

Mercosul. Mais economia, por favor

A suspensão do Paraguai foi decidida em junho de 2012.Foi a forma encontrada pelos então integrantes plenos do grupo (Brasil, Argentina e Uruguai) e parceiros(Equador, Bolívia, Venezuela e Chile) de protestar contra o impeachment do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo – julgado “antidemocrático”.

Mas não foi só protesto, foi também pretexto. Sem o Paraguai, ainclusão da Venezuela como participante plena foi facilitada. O Congresso do Paraguai era o único que se opunha à ideia. Sem ele pela frente, obstáculos para a nova formatação do Mercosultambém saíram do caminho.

Agora presidente do grupo, Maduro diz querer o Paraguai por perto. “Amamos o povo paraguaio”, disse, em discurso no qual prometeu a trazer o Paraguai de volta. No início da noite, foi aprovada a voltado país ao grupo.

Falta saber agora se o Paraguai vai querer voltar. Maduro foi declarado persona non grata em Assunção pelo atual presidente, Horacio Cartes. E, por ora, o presidente eleito, Federico Franco, não convidou o venezuelano para sua posse, em agosto.

Milos Alcalayex-integrante do governo da Venezuela, lamentava à agência France Presse, na quinta-feira, o papel que seria assumido nesta manhã pelo Mercosul: “Em vez de tratar do delicado e difícil tema do Mercado Comum do Sul e das relações com outras regiões como a União Europeia, podem politizar a reunião (no Uruguai) com o tema de Snowden”.

Feito para facilitar acordos comerciais entre si e, principalmente, com outros blocos do mundo, nos últimos anos apenas tratados inexpressivos do bloco com Egito e Israel foram assinados. E a União Europeia admitiu no início deste mês que, após 13 anos de negociações, talvez seja melhor tratar de parcerias separadamente com o Brasil. Antes, já havia falado que sem o Paraguai não fechava acordo nenhum.

Nesta sexta, a presidente Dilma Rousseff elogiou a sustentação do grupo na crise de 2008. E cobrou “cronogramas mais acelerados para a negociação comercial entre o Mercosul e outros países da América do Sul e também com a União Europeia (UE)” – informa a Agência Estado.

No gráfico acima está a evolução do resultado comercial Brasileiro com o Mercosul nos últimos oito anos. Como mostra a reta traçada para baixo, há mesmo o que melhorar.

 

Mercosul repensa seu futuro

A Argentina e os países latino-americanos em geral continuam sendo um mercado chave para o Brasil e o destino de 40% de suas exportações industrializadas

 O Mercosul vive um momento delicado com um forte retrocesso no comércio e uma indefinição sobre seu futuro entre os principais blocos no mundo, avaliam analistas consultados pela AFP.

"A presidente Cristina (Kirchner) e eu nos empenhamos para fazer a integração avançar, (...) superar os obstáculos em nossas relações comerciais e de investimento", afirmou a presidente brasileira Dilma Rousseff na quinta-feira ao ser recebida por sua homóloga argentina.

As diferenças comerciais ganharam força noMercosul, especialmente desde que a Argentina, buscando evitar a fuga de divisas e conseguir uma melhora da balança comercial, adotou, há um ano, barreiras às importações que afetam seus vizinhos do bloco criado em 1991 entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

As exportações brasileiras para a Argentina caíram 21% em 2012 e outros 10% no primeiro trimestre de 2013, em um comércio bilateral que alcançou um recorde de quase 40 bilhões de dólares em 2011.

Ainda assim, a Argentina e os países latino-americanos em geral continuam sendo um mercado chave para o Brasil e o destino de 40% de suas exportações industrializadas.

O Uruguai também denunciou o clima comercial e seu presidente José Mujicaclassificou esta semana o Mercosul como um "bloco estagnado" e "parado no tempo", enquanto os argentinos lamentam a redução dos investimentos brasileiros e um desequilíbrio no comércio automotivo.

O comércio do bloco pode retroceder ainda mais este ano, diante da queda dos preços das matérias primas, como os do petróleo venezuelano (a Venezuela foi o último país a entrar no Mercosul no ano passado), a carne do Uruguai ou a soja da Argentina e do Brasil, destaca a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Tigres Asiáticos e as plataformas de exportação

TIGRES ASIÁTICOS: PLATAFORMA DE EXPORTAÇÕES

  Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura não eram muito diferentes da maioria dos seus vizinhos asiáticos até a Segunda Guerra Mundial. Os dois primeiros, de maior extensão territorial, eram países agrícolas, com a maioria da população vivendo no campo e desenvolvendo uma agricultura arcaica, principalmente de arroz. Todos tinham população pouco numerosa, em sua maioria analfabeta, território reduzido, sem nenhuma reserva importante de recursos minerais ou combustíveis fósseis, e, portanto, um futuro econômico que parecia não promissor. No entanto, possuem atualmente algumas das economias mais dinâmicas e modernas do mundo.
Centro Financeiro de Seul, capital da Coreia do Sul
  A península da Coreia e Taiwan, foram ocupadas pelo Japão desde o fim da Guerra Sino-Japonesa (1894-1895) até o fim da Segunda Gerra Mundial. Hong Kong era um território chinês que foi cedido ao Reino Unido pelo Tratado de Nanquim (1842), que marcou o fim da Guerra do Ópio. Cingapura era um entreposto comercial da Companhia Britânica das Índias Ocidentais desde 1824. Essa pequena ilha, depois de pertencer ao Império Britânico, integrou a Federação da Malásia e a independência definitiva ocorreu apenas em 1965, quando foi criada a República de Cingapura.
Centro Financeiro de Cingapura
  Taiwan (ou República da China), com capital em Taipé, constituiu-se como Estado a partir da fuga dos membros do Partido Nacionalista (Kuomitang), após a Revolução de 1949.
  Durante a Segunda Guerra Mundial, todos esses territórios estiveram sob ocupação japonesa. No pós-guerra, especialmente a partir dos anos 1970, passaram por um rápido processo de industrialização, favorecidos pelos mecanismos da Guerra Fria: fizeram parte de um arco de alianças liderados pelos Estados Unidos para fazer frente ao avanço sino-soviético. Nas décadas de 1980 e 1990, apresentaram alguns dos maiores índices de crescimento econômico do mundo e, desde essa época, suas economias estão entre as que mais têm incorporado novas tecnologias ao processo produtivo. Além disso, vêm diminuindo as desigualdades sociais e melhorando seus indicadores socioeconômicos. Desde os anos 1980, ficaram conhecidos como Tigres Asiáticos, porque o forte empenho na busca de novos mercados no exterior levou suas economias a crescer, em média, 7,4% ao ano. Resultado do modelo plataforma de exportações.
Taipé - capital de Taiwan
INDUSTRIALIZAÇÃO E CRESCIMENTO ACELERADO
  Nos quatro Tigres Asiáticos foram implantados regimes políticos centralistas após a Segunda Guerra Mundial, e os dois mais importantes - Coreia do Sul e Taiwan - eram governados por ditaduras militares. Nessa época, o Estado teve um papel fundamental no planejamento estratégico para estimular a industrialização e as exportações. Entre outras medidas, destacam-se:
  • concedeu incentivos às exportações, como redução de impostos;
  • manteve uma política de desvalorização cambial;
  • tomou medidas protecionistas (tarifárias) contra os concorrentes estrangeiros;
  • fez maciços investimentos em educação e concedeu bolsas de estudos no exterior;
  • impôs restrições ao funcionamento dos sindicatos;
  • canalizou grandes investimentos para infraestrutura de transporte, energia etc.;
  • restringiu o consumo para elevar o nível de poupança interna via medidas fiscais (elevação de impostos) e controle das importações.
Visão noturna da ilha de Hong Kong
  O alto nível de poupança interna desses países, aliado à ajuda recebida do Tesouro dos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria, mais empréstimos contraídos em bancos no exterior (a taxas de juros fixas) possibilitaram a arrancada da industrialização.
  No início da industrialização, a mão de obra nesses países asiáticos era muito barata e relativamente qualificada e produtiva, por causa do bom nível educacional. Esse baixo custo, associado às medidas governamentais, como os subsídios às exportações e o controle da política cambial, tornava o produto dos Tigres muito baratos. Isso lhes garantiu alta competitividade no mercado mundial, alcançando elevados saldos comerciais, os quais eram reinvestidos a fim de alcançar maior capacitação tecnológica.
Hong Kong - uma das áreas mais densamente povoadas do mundo
  Desde os primórdios de seus processos de industrialização, as sociedades dos Tigres Asiáticos perceberam a importância de investir em educação, especialmente no nível básico, como condição fundamental para a formação de trabalhadores e pesquisadores qualificados, a geração de novas tecnologias e o aumento da produtividade. Principalmente a Coreia do Sul, a maior e mais moderna economia dentre os Tigres Asiáticos, desde o início deu muito valor à educação básica e a tomou como sustentação para seu desenvolvimento socioeconômico.
Mapa da Coreia do Sul
  Ao contrário dos países latino-americanos e africanos, os Tigres Asiáticos tinham um modelo vizinho bem-sucedido para se espelhar: seguiram de maneira quase integral os passos do Japão. Além disso, se beneficiaram de uma conjuntural liberal o suficiente, principalmente nos Estados Unidos, dispondo, assim, de amplos mercados para colocar seus produtos e converteram-se em verdadeiras plataformas de exportação. Mas recentemente, no entanto, o aumento da renda per capita e a elevação salarial, resultantes do crescimento da produtividade da economia, ocasionaram uma expansão qualitativa e quantitativa dos mercados internos, sobretudo na Coreia do Sul, o país mais populoso dos quatro.
Mapa de Cingapura e suas ilhas vizinhas
  Assim como investidores japoneses, norte-americanos e europeus, os empresários dos Tigres também têm construído filiais na Tailândia, na Malásia e na Indonésia, que, como os primeiros Tigres, também cresceram aceleradamente a partir da década de 1980. Por isso, esses três países são conhecidos como os Novos Tigres. Há ainda muitos investimentos sendo feitos na China, sobretudo por empresários de origem chinesa com empresas sediadas em Taiwan, Hong Kong e Cingapura.
  Apesar de muitos pontos em comum, principalmente quanto ao processo de industrialização, há contudo, muitas diferenças entre esses países, em particular quanto à estrutura industrial.
Arquitetura moderna de Seul e o Palácio Deoksugung
  A Coreia do Sul é o país mais industrializado dos Tigres Asiáticos. A economia sul-coreana é controlada por redes de grandes empresas, denominadas chaebols, a exemplo dos keiretsus japoneses. Fabricam uma enorme diversidade de produtos, desde aço e navios até artigos eletrônicos e automóveis, além de também atuarem no setor financeiro e no comércio. Oschaebols sul-coreanos cada vez colocam mais seus produtos mundo afora, figuram na lista das maiores empresas mundiais e já são responsáveis por algumas inovações tecnológicas. Entre elas se destacam: Samsung Eletronics, LG, a SK Holdings, a Hyundai Motor, Hyundai Heavy Industries, Samsung C&T, entre tantas outras. Com a crise financeira asiática de 1997, contudo, algumas empresas tiveram problemas por causa do seu alto grau de endividamento e foram obrigadas a se desfazer de parte de suas unidades operacionais ou foram incorporadas a outras, como, por exemplo, a Kia Motors, comprada pela Hyundai Motor em 1998.
Chaebols - grupo formado por grandes empresas sul-coreanas
  Cingapura cada vez mais se consolida como um grande entreposto comercial e importante centro financeiro internacional, possuindo uma das maiores bolsas de valores do mundo. É o país com o maior índice de logística e possui o porto mais movimentado do mundo. Além disso, tem procurado investir em indústrias de alto valor agregado, como a naval e a eletrônica. Está sediada no país a Flextronics International, segunda maior fabricante mundial de semicondutores, atrás apenas da Intel.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ac/Singapore_skyline_at_sunset_viewed_from_Gardens_by_the_Bay_East_-_20120426.jpg
Cidade de Cingapura com destaque para o Marina Bay Sands e a Cingapura Flyer - a maior roda gigante do mundo
  Cingapura e Taiwan formam os Tigres que menos sofreram com a crise financeira de 1997, graças ao baixo grau de endividamento de suas empresas e ao controle das contas públicas, exercido por seus governos. Já Hong Kong, poucos meses após sua reincorporação à China, sofreu os efeitos dessa crise. Em outubro daquele ano houve uma queda brusca no valor das ações de sua bolsa de valores (que estava operando em alta graças à especulação), agravando ainda mais a crise regional.
  A Coreia do Sul sofreu um duro golpe por causa do peso que oschaebols têm em sua economia, mas o país já se recuperou e voltou a crescer, beneficiado pela desvalorização da sua moeda (won), que favoreceu suas exportações.
  Apesar da crise, esses países, que, durante muito tempo, foram conhecidos como exportadores de bugigangas de baixa qualidade e de tecnologia banal, hoje estão vendendo produtos sofisticados como navios, automóveis, semicondutores, computadores, aparelhos eletrônicos domésticos etc.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8f/Seoul-Namdaemun-at.night-02.jpg
Namdaemun em Seul à noite
FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Epirogênese


A epirogênese atinge vastas áreas continentais de forma lenta, ocasionando regressões e transgressões marinhas. Ela acontece em função de acomodações isostáticas entre a costa continental e a astenosfera.

Esta se diferencia-se da orogenese que ocorre em áreas estreitas e longas, onde são formadas as cordilheiras sendo causadas pelo processo de convergência de duas placas tectônicas A epirogênese atinge áreas continentais formando arqueamentos, intumescências ou abaciamentos de grandes conjuntos geológicos. Os arqueamentos podem ser maiores num ponto e menores em outros, assim como podem haver levantamentos em um lugar e rebaixamentos em outros. A lentidão desses movimentos dificulta seu reconhecimento, carecendo-se também de um ponto de referência fixo que possibilite a mensuração de extensão do fenômeno.

As principais análises da epirogênese são feitas à beira do mar, porque, além de o nível do mar poder ficar fixo por muito tempo, seus movimentos de subida e descida já são bem conhecidos.

Os movimentos do nível do mar são chamados de eustáticos, podendo ser de dois tipos: de transgressão, quando o nível do mar se eleva sobre os litorais fixos, invadindo os continentes e de regressão, quando o nível das águas baixa sobre uma plataforma litorânea fixa. Em ambos os casos não houve epirogênese porque foi o nível do mar que se alterou. As causas da variação do nível do mar são conhecidas como: tectonismo marinho e modificações paleoclimáticas. Como pôde ser visto é grande a dificuldade de pesquisa dos movimentos epirogenéticos.

Soerguimento

Ocorre devido a:

  • O encontro de duas placas continentais, na orogênese, pode provocar grandes arqueamentos positivos no ante país, levando movimentos a epirogenético.
  • Remoção da cobertura de gelo em épocas interglaciais.
  • Processo de denudação das áreas cratonizadas continentais.

Subsidência

Ocorre devido a:

  • Cobertura por gelo em épocas glaciais.
  • Cobertura por grande quantidade de materiais magmáticos oriundo de vulcanismo como depósitos de lavas, cinzas e material piroclástico.

OBS: subsidência local pode ocorrer devido ao rebaixamento do lençol freático ou por abatimento do terreno em regiões de rochas calcárias, mas não são chamadas de epirogenéticas, pois são devidas à acomodação do material local, não atingindo grande profundidade e a litosfera como um todo e sem a interveniência da astenosfera.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Perestroika e Glasnost - As reformas na URSS

Se hoje percebemos a globalização pelo papel assumido pela internet, pela complexalização e ampliação das transações comerciais e financeiras ou pela velocidade com que as informações chegam até nós, é importante ressaltar que isso tudo é, de certo modo, consequência de vários fatores históricos – dentre eles, o fim da Guerra Fria. Sendo assim, compreender minimamente as mudanças ocorridas na URSS ao final dos anos 1980, com o advento da Perestroika e da Glasnost, é fundamental não apenas para a compreensão do que desencadeou o fim do bloco socialista, mas também para o entendimento de como se daria mais tarde a configuração de uma nova ordem mundial.

 Em 1989 chegava ao fim a chamada Guerra Fria, período no qual o mundo esteve dividido em dois blocos: de um lado, o bloco capitalista representado pelos EUA; e, do outro, o bloco socialista representado pela URSS, liderado pela Rússia. Terminada a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em 1946 começaria um período marcado por uma forte disputa pelo domínio ideológico entre tais blocos, bem como pela chamada corrida espacial e tecnológica. O final dessa história já se sabe, pois o modelo capitalista saiu vitorioso após as reformas econômicas e políticas promovidas pela União Soviética quando esta já agonizava, sem condições de manter o projeto socialista e o seu modelo de Estado de bem-estar social. Mas o começo do fim estaria no processo de mudanças internas na URSS, que começou na metade da década de 1980, com Mikhail Gorbachev enquanto secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, que mais tarde promoveria a implantação da Perestroika e da Glasnost.

Conforme aponta Octavio Ianni em seu livro A Sociedade Global (1995), a Perestroika, palavra que pode ser traduzida por reconstrução, “pôs em prática mudanças profundas na estrutura do sistema econômico soviético, com a substituição dos mecanismos de economia centralmente planificada pelos mecanismos de economia de mercado”. (IANNI, p. 12). Tratou-se de uma reestruturação econômica e reorientação dos gastos públicos, diminuindo-se, por exemplo, os investimentos na área da defesa. Considerando-se o estabelecimento de uma “corrida espacial” entre EUA e URSS materializada na disputa pelo domínio das tecnologias de defesa (produção de bombas nucleares) e para exploração do espaço (a exemplo da criação de satélites e foguetes), a URSS, encabeçada pela Rússia, comprometia sua economia interna e, dessa forma, o funcionamento de seu modelo de Estado de bem-estar social. Mikhail Gorbachev, sendo citado por Octavio Ianni, afirmaria que: “A perestroika é uma necessidade urgente que surgiu da profundidade dos processos de desenvolvimento em nossa sociedade socialista. Esta encontra-se pronta para ser mudada e há muito tempo que anseia por mudanças. Qualquer demora para implantar a perestroika poderia levar, num futuro próximo, a uma situação interna exacerbada que, em termos claros, constituiria um terreno fértil para uma grave crise social, econômica e política [...]”. (ibidem, p. 12). Obviamente, é preciso ressaltar que a Perestroika enquanto reforma não objetivava, necessariamente, a rendição ao bloco capitalista, mas sim a tentativa de recuperação soviética.

Mas as reformas, como se sabe, não se pautaram apenas do ponto de vista econômico, mas também político, promovendo-se (também no bojo dessas mudanças) a chamada Glasnost, palavra que em russo está ligada à ideia de transparência. A alusão à ideia de transparência estaria no sentido do abrandamento do poder e da presença de um estado forte, cerceador de liberdades. Logo, paralelamente às mudanças promovidas pela Perestroika, estaria a tentativa de uma maior abertura para uma liberdade de expressão da sociedade (que até então não poderia reclamar quanto ao governo), ao mesmo tempo em que surgia um esforço para uma maior transparência das ações do governo, o que refletiria na política positivamente. Assim, como aponta Ianni (1995), a Glasnost teria inaugurado a democratização, e dessa forma a quebra do monopólio da vida política nacional pelo Partido Comunista e o abandono do esquema Estado-partido-sindicato, promovendo uma maior transparência nas relações políticas. Dessa forma, desarticulavam-se as bases da União Soviética e, ao final dos anos 80, assistia-se a queda do muro de Berlim, símbolo da divisão do mundo, o que significaria a vitória da ideologia capitalista. Tem-se, desde então, a configuração de uma nova ordem mundial, iniciada pela reorganização das relações internacionais.

Assim, tais reformas promovidas pelo governo soviético representaram o desmonte do chamado socialismo real, caracterizado em linhas gerais por um sistema de partido único, com um governo centralizador com forte controle não apenas na política, mas na economia e na cultura. Atualmente, a China seria um país com um modelo político-administrativo muito próximo daquilo que foi a URSS, mas diferencia-se, fundamentalmente, pela forma como aderiu ao capitalismo enquanto modo de produção da vida, tornando-se uma das sociedades mais complexas aos olhos de analistas de todo o mundo.