Uma reunião marcada para a próxima terça-feira, entre representantes dos ministérios da Justiça e da Saúde e a Casa Civil, pode apontar uma saída para a situação de milhares de haitianosabrigados no município de Brasileia, no Acre. O governo do Estado espera que o pedido de fechamento provisório da fronteira seja considerado uma das estratégias do governo federal para contornar a situação considerada alarmante pelas autoridades locais.
A reunião foi marcada depois que o governador do Acre, Tião Viana, relatou como está a situação em Brasiléia, no encontro que ocorreu quinta-feira em Brasília com o ministro José Eduardo Cardozo. Mais de 1,2 mil pessoas estão no abrigo em Brasileia, a mais de 200 quilômetros da capital Rio Branco, montado para receber até 450 pessoas.
De acordo com o secretário de Direitos Humanos do estado, Nilson Mourão, o grupo está vulnerável a diversos riscos de saúde e segurança. Mourão está desde quinta no município, acompanhado por equipes da Defesa Civil estadual e adiantou nesta sexta-feira à Agência Brasil que algumas providências já começam a ser adotadas.
- Vamos começar hoje a limpeza do abrigo pelos agentes da Defesa Civil. Queremos garantir a segurança no local para evitar incêndios e problemas provocados pelas chuvas que já começaram”, explicou. Segundo ele, equipes da Secretaria estadual de Saúde também devem chegar a Brasileia para orientar os abrigados sobre o risco de doenças contagiosas e as formas de prevenção. A medida foi sugerida por Mourão, que alertou sobre a aglomeração de pessoas acima da capacidade do abrigo. “Essas medidas, ainda assim, são insuficientes. O fluxo de pessoas continua aumentando. Ontem, chegaram mais 50 pessoas e as empresas pararam de contratar – disse o secretário.
O acordo feito com empresários de diversos setores, como os de construção civil e metalurgia, para garantir emprego a muitos haitianos em outros pontos do país não tem sido suficiente para fazer frente ao fluxo migratório crescente. A situação se agravou quando, no início de dezembro, as contratações foram reduzidas em função do período de menor atividade. A expectativa é que a partir de fevereiro as empresas retomem o recrutamento.
- Ontem tivemos um sinal melhor, já que uma empresa veio e recrutou 130 pessoas e soubemos que outra empresa deve vir hoje para contratar mais alguns – disse Mourão.
Ainda que o recrutamento volte ao ritmo normal, autoridades acreanas temem pela situação de mulheres e crianças que não estão no alvo dessas contratações. Outra preocupação é com o aumento de pessoas entrando irregularmente pela fronteira. Segundo Mourão, os empregos oferecidos não são suficientes para atender o acúmulo registrado nas últimas semanas.
- Além disso, Brasileia não tem condições de sediar outro abrigo. Se o governo federal indicar a construção de outro local, não há condições na cidade. Estamos estudando, inclusive, a possibilidade de deslocar algumas pessoas para a capital Rio Branco, mas essa é uma operação complicada – disse.
Procurada pela Agência Brasil desde ontem, a assessoria do Ministério da Justiça não se posicionou sobre o caso. Apenas informou que está acompanhando a situação em Brasileia por meio de vistorias e a presença de agentes da Polícia Federal no município.
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