BLOG DO MATEUSÃO
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020
Você sabia que Harry Truman esteve no Brasil ?
A Doutrina Truman
1949, o presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, pronuncia o discurso de posse do segundo mandato na Casa Branca. Nesta ocasião, apontou a grande pobreza que afetava a metade da humanidade.
No Ponto Quatro de seu discurso, declarou: “Faz-se necessário lançar um novo programa que seja audacioso e que ponha as vantagens de nosso avanço científico e de nosso progresso industrial a serviço da melhoria e do crescimento das regiões subdesenvolvidas. Mais da metade das pessoas em todo o mundo vive em condições vizinhas à da miséria. Não têm muito o que comer. São vítimas de enfermidades. Sua pobreza constitui uma desvantagem e uma ameaça, tanto para elas quanto para as regiões mais prósperas.”
Era a primeira vez que se empregava a expressão “subdesenvolvido” a propósito de um país que ainda não tivesse atingido o estágio industrial. Fez florescer, por sua vez, a expressão “terceiro mundo”, inventada pouco depois, em 1952, pelo demógrafo Alfred Sauvy.
O discurso de Truman desemboca em junho de 1950 na assinatura do Act for International Development (AID, Programa para o Desenvolvimento Internacional).
Para os norte-americanos e mais amplamente para os ocidentais, o combate contra o “subdesenvolvimento” seria o substituto da “missão civilizadora” do tempo das colônias como objetivo messiânico. No meio século que se seguiu se tornaria corriqueiro não mais levar em conta as nações e os povos em sua diversidade cultural, social e humana, mas somente e sim em catalogá-los como “país subdesenvolvido” e “país desenvolvido” em função do Produto Interno Bruto por habitante (PIB/habitante). Era o triunfo da econometria, uma visão contábil e matemática da economia.
A tomada de consciência do “subdesenvolvimento” levou os países ricos e poderosos, geralmente as potências ocidentais, a desenvolver redes de assistência financeira e de cooperação técnica com os países pobres. Ao auxílio público se acrescentou nos anos 1990, a ajuda caritativa das “organizações não governamentais”. A ausência de controle e a corrupção alteraram consideravelmente a eficácia desta ajuda privada. Quanto à assistência pública, ela vinha cercada de tantas condições e restrições que mais subjugavam que ajudavam. Na alvorada do século 21, a ajuda internacional aparecia como um fator de agravamento do subdesenvolvimento e da miséria.
A avaliação econométrica do subdesenvolvimento, levando em conta apenas o fator PIB/habitante se revelou uma ilusão de óptica, uma verdadeira aparência enganosa.
Regimes ditatoriais ou medievais enriqueciam com os ingressos de algumas companhias petrolíferas ou mineiras, como Arábia Saudita, Gabão, Argélia ou Nigéria figuravam como países ricos enquanto as condições de vida da maior parte dos habitantes em termos de mortalidade infantil, expectativa de vida e alfabetização se mostravam medíocres. Em contrapartida, países ou regiões muito pobres, se se levar em consideração a proporção PIB/habitante, como, por exemplo, o estado de Kerala, na Índia, asseguram aos seus habitantes um quadro de vida relativamente sadio e equilibrado em comparação com seus vizinhos.
Enfim, países cuja situação parecia desesperador em meados do século 20 saem a passos de sete léguas do “subdesenvolvimento” e vão ingressando no clube dos países ricos. É o caso de regiões banhadas pelo Mar da China e dos países emergentes pertencentes à sigla BRICS. Em sentido contrário, a África subsaariana, que parecia destinada a um rápido desenvolvimento nos anos 1960 devido aos seus imensos recursos naturais do solo e subsolo, penam para se libertar de seus demônios.
Nos anos 1990, as instituições internacionais lançaram novos indicadores para melhor levar em conta todas as heterogeneidades: o “desenvolvimento humano” ou IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Leva em consideração o PIB/habitante mas também a taxa de alfabetização e a mortalidade infantil, esta por sua vez representativa do nível das condições sanitárias do país e do grau de emancipação das mulheres.
sábado, 1 de fevereiro de 2020
É o fim do futebol.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
Marxismo na África
Muitos de nós já vimos imagens das crianças etíopes com fome, com barrigas inchadas e olhos cobertos com moscas. O que poucos sabem é que elas foram vítimas inocentes do Derg, um grupo de militares marxistas que tomou o poder na Etiópia e usou a fome para chantagear partes rebeldes do país.
Entre 1983 e 1985, mais de 400 mil pessoas morreram de fome. Em 1984, o Derg utilizou 46% do PIB para gastos militares, criando o maior exército da África. Em contraste, o gasto com saúde diminuiu de 6% do PIB em 1973 para 3% em 1990.
Previsivelmente, o Derg culpou a seca pela fome, mesmo com a escassez de alimentos tendo sido precedida por meses de chuva. Em 1991, o Derg foi derrubado e seu líder, Mengistu Haile Mariam, escapou para o Zimbabwe, onde mora sob proteção do governo e dos pagadores de impostos até hoje.
Falando em Zimbabwe, em 1999, Robert Mugabe, o ditador marxista que assumiu o poder há 35 anos, criou um catastrófico programa de reforma agrária que tinha como objetivo estatizar fazendas privadas e expulsar fazendeiros e empresários não-africanos. O resultado foi um colapso na produção agrícola, a segunda maior hiperinflação já registrada no mundo – 89,700,000,000,000,000,000,000% por ano (sim, 89,7 sextilhões) – e 94% do país sem emprego.
Milhares de zimbabweanos morreram de fome e doenças, apesar da massiva ajuda internacional. Como no caso da Etiópia, o governo do Zimbabwe culpou o clima, roubou grande parte do dinheiro da ajuda internacional e negou alimentos e medicamentos aos seus adversários políticos.
A tabela abaixo mostra que seis das dez piores matanças por fome no Século XX aconteceram em países socialistas. Além disso, Nigéria, Somália e Bangladesh tiveram escassez de alimentos como resultado de sucessivas guerras e má gestão estatal.
Hoje não há um único caso de fome em massa em andamento no mundo – nem mesmo em locais devastados pela guerra como a Síria, e por quatro motivos. Primeiramente, o nível produção agrícola está mais alto do que nunca, o que fez os preços caírem: entre 1960 e 2015, a população mundial aumentou 143% enquanto o preço dos alimentos diminuiu 22%. Além disso, as pessoas têm mais renda e podem comprar mais comida: nos últimos 55 anos, a renda per capita média mundial aumentou 163%. Houve também desenvolvimento maciço dos transportes e das comunicações, o que tornou possível entregar ajuda alimentária em qualquer parte do mundo de forma relativamente rápida. E, por fim, a globalização e o comércio garantem que os alimentos possam ser adquiridos por qualquer pessoa e em qualquer lugar.
A África foi a principal beneficiária desse desenvolvimento, Em 1961, cada africano consumia, em média, 1993 quilocalorias por dia. Em 2011, último ano que o Banco Mundial forneceu os dados do continente, o consumo de cada africano era de 2618 quilocalorias. Globalmente, o consumo aumentou de 2196 para 2870 quilocalorias ao dia. Na Etiópia não foi diferente. Dois anos depois da deposição do Derg, cada etíope consuma 1508 quilocalorias por dia e, em 2013, o consumo por etíope já estava em 2131 quilocalorias por dia.
O Zimbabwe, que ainda sofre com um ditador socialista marxista, não teve a mesma sorte. Em 1961, cada zimbabuano consumia 2115 quilocalorias por dia e, em 2013 – 52 anos depois – esse consumo se manteve praticamente o mesmo (2110 quilocalorias por dia).
Onde quer que tenha sido instalado, da União Soviética até a Venezuela, o socialismo falhou. O socialismo é a fábula que promete igualdade e abundância para trazer tirania e fome.
Tradução: Rafael Cury; Revisão: Marcelo Faria