domingo, 22 de fevereiro de 2015

INCRÍVEL: Leia sobre a rotina na cadeia dos executivos presos na Operação Lava Jato.

Assim que chegaram à custódia da Polícia Federal de Curitiba (PR), na manhã de 14 de novembro de 2014, uma sexta-feira, 23 empresários e executivos presos na sétima fase da Operação Lava-Jato foram acomodados em um auditório.

O dia já tinha começado da pior maneira possível. Capturados em suas casas logo cedo, eles haviam embarcado em um avião que deu pane na viagem rumo ao Paraná, onde seriam enclausurados.

Ainda perplexos com a situação, os executivos foram sendo chamados, em grupos de três, para se identificarem.

Pacientemente, alguns dos maiores empreiteiros do país, como Leo Pinheiro, presidente da OAS, Ricardo Pessoa, presidente da UTC, Sergio Mendes, vice-presidente da Mendes Junior, Dalton Avancini, presidente da Camargo Corrêa, e Ildefonso Colares Filho, presidente da Queiroz Galvão, entregaram a carteira de identidade aos policiais.

Suas malas, com as roupas que conseguiram empacotar às pressas antes de sair de casa, eram abertas e reviradas.

Nomes anotados, bagagens revistadas, todos receberam um kit com apenas um cotonete, xampu e sabonete.

E então ultrapassaram as grades de ferro do cárcere, encaminhando-se à ala em que seriam abrigados –e onde, três meses depois, a maioria ainda permanece.

BANHEIRO PÚBLICO

A ala é formada por três celas de paredes brancas, unidas por uma sala comum. Com um beliche, uma mesa e banco de concreto, cada uma delas está preparada para receber duas pessoas. Naquela manhã, acolheram um número quatro vezes maior.

Espremidos nos cubículos, os empresários começaram a tratar das coisas práticas. Os mais velhos dormiriam nas camas. Os demais, em colchonetes espalhados pelo chão.

Cada cela tem um vaso sanitário de aço pregado no chão e uma pia.

Um dos investigados presos naquele dia, e que agora está em liberdade, relatou à Folha: "Nada separa a latrina do restante do espaço. A pessoa tem que ir ao banheiro na frente de todos os outros que estão presos ali. Nós então colocamos um colchão entre a privada e as camas. Quando alguém estava usando, colocava uma toalha sobre ele. Assim os outros não se aproximavam".

O sanitário de uma das celas "era usado para o 'número um' [xixi]. O outro, em outra cela, para o 'número dois?[fezes]".

Nos primeiros dias, o sanitário entupiu. Coube a Erton Medeiros Fonseca, diretor da Galvão, solucionar o problema. "Depois desse evento, providenciamos um saco e não jogamos mais papel na latrina", relata o ex-preso.

CANTORIA

A pressão de Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa, que é cardiopata e bipolar, foi a 23 por 12. Ele e José Ricardo Breghirolli, da OAS, só choravam.

Leo Pinheiro, da OAS, e Sérgio Mendes, da Mendes Junior, ficavam calados. Erton, da Galvão, não saía da cela. Agenor Medeiros, diretor da OAS, estava agitado. A ponto de aborrecer os carcereiros.

Os demais conseguiam demonstrar alguma normalidade. Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras que conseguiu ser solto, até cantava para alegrar os colegas. "Ele tem um vozeirão", diz um ex-preso. O repertório incluía bossa-nova e MPB.

Com medo de escutas ambientais, evitavam puxar assunto sobre as acusações que os levaram até ali. Chegavam a conversar baixinho e com a mão na boca para evitar leitura labial. O tempo parecia não passar. E relógios estavam proibidos nas celas.

"A marcação do tempo para quem está encarcerado em um cubículo é muito importante", diz um advogado. "Aqui fora, temos distrações que nos fazem esquecer da hora. Mas, para quem está sem fazer absolutamente nada, não ter noção do tempo que passa é muito cruel."

Obcecado, Agenor Ribeiro deu um jeito de amenizar a aflição: criou um relógio de sol, marcando riscos na parede quando a hora era informada a ele pelos carcereiros.

A PF acabou autorizando a instalação de um relógio de parede em um dos cubículos.

FAXINA

É proibido fumar. Ricardo Pessoa, da UTC, é abastecido por seus advogados com caixas de adesivos de nicotina para tolerar a abstinência.

Os presos até hoje só têm direito a duas horas de sol. É quando aproveitam para lavar meias e cuecas.

Outras roupas, e também lençóis, travesseiros e fronhas, são entregues a eles por advogados e familiares, e trocados semanalmente. Não há uniforme. Os detentos usam agasalho, bermuda de ginástica e calça de sarja.

Na hora do banho, os empreiteiros e executivos têm que fazer fila pois só há dois chuveiros. A água é quente.

A limpeza das celas também é feita por eles. Um dos advogados relata que leva "produtos de limpeza como Pinho Sol e Veja", usados para limpar o chão e o sanitário.

Os empresários despejam tantos produtos no chão, e o cheiro é tão forte, que carcereiros às vezes brincam: "Vocês estão bebendo cândida?".

As famílias levam ainda bolachas, frutas e água mineral –caso contrário, eles teriam que beber da torneira.

A hora da refeição é também de algum suplício: quando as marmitas são entregues, os presos têm que ficar voltados para a parede, de costas para os carcereiros.

A comida servida é "puro sal", segundo os relatos de quem esteve na custódia. "Todos os dias eles servem arroz, uns quatro caroços de feijão, macarrão por cima. E frango, peixe ou carne."

Os talheres são de plástico. A faca não corta nada. Os empresários têm que pegar a carne com as mãos.

NO ESCURO

As celas, com lâmpadas queimadas, são escuras. Recentemente, os presos foram autorizados pela PF a usar luminárias de led para leitura.

Com acesso dificultado a revistas e jornais e sem TV, eles se esforçam para escutar o som dos telejornais que chega das salas dos carcereiros. É assim que se atualizam sobre a Operação Lava Jato.

A maioria dos ainda detidos (onze já foram libertados) recebe a visita de advogados quase diariamente –e de familiares às quartas-feiras. Da cela ao parlatório, eles têm que caminhar com as mãos para trás e a cabeça baixa, por medida de segurança.

Há relatos de esgotamento emocional de alguns presos, que imaginavam que passariam pouco tempo na cadeia.

A tensão, nestes momentos, às vezes é quebrada com a passagem da fisioterapeuta de Alberto Youssef (o doleiro fica numa ala vizinha). Ela é considerada uma mulher muito bonita.

Não há visita íntima na custódia da PF. Os empreiteiros ficam separados da mulher e dos filhos por uma parede de vidro. Às vezes, os carcereiros abrem exceção. E permitem que os detentos abracem os seus familiares.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A Guiné que a Beija Flor não mostrou.

Teodorin e seu pai Teodoro Obiang conseguiram seu objetivo: mais de 99,9% dos brasileiros ouviram pela primeira vez o nome de seu país, Guiné Equatorial, durante a festa máxima da tradição brasileira, o Carnaval carioca. Graças ao patrocínio de R$10 milhões que a escola de samba Beija-Flor de Nilópolis teria recebido para exaltar a minúscula nação africana durante o desfile, pai e filho, os atuais detentores do poder, colocaram sua marca na história do samba carioca. O dinheiro fácil tem uma explicação: a Guiné Equatorial, mesmo se possui apenas a área do Estado de Alagoas, é o terceiro produtor de petróleo da África; embora esteja em 144º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU.

No país formado por cinco ilhas e um território no continente, não há distinção entre governo e seu presidente: Teodoro Obiang Nguema está no poder desde 1979 e pretende passar a coroa a seu filho Teodorin, vice-presidente. Desde a independência em 1968, o país é uma ditadura brutal. Quem protestar contra Obiang e seu clã, que fuja. No país, não há chance para qualquer oposição. O primeiro presidente, seu tio Macias Nguema, um ditador comparado a Pol Pot do Camboja, foi deposto e executado sem piedade em 1979 pelo sobrinho Obiang.

Por ser um dos poucos brasileiros a ter conhecido o país, achei que deveria ver na televisão o desfile que ocorreu na segunda-feira à noite. A Guiné Equatorial mostrada pela Beija-Flor foi linda, colorida e encantadora. A comissão de frente, composta de 15 guerreiros, montou uma árvore da vida e deu show de criatividade. Os mascarões, com movimento nos lábios e olhos, eram estonteantes. O casal mestre-sala e porta-bandeira, vestidos de dourados, também foram louvados. Os carros alegóricos, espetaculares. Em um deles, uma floresta rica, cheia de animais. Os R$ 10 milhões do patrocínio foram bem usados e deram à Beija-Flor o título de Campeã do Carnaval Carioca 2015. Os Teodoros estão contentes: o investimento deu retorno!

Mas durante os nove dias que passei em Malabo, no parque nacional Monte Alen e na Caldera Luba, o que mais vi foram exemplos de devastação da biodiversidade e de desmatamento.

Uma surpresa para um vegetariano como eu foi encontrar, na beira das estradas de acesso a Monte Alen, um número imenso de tartarugas, pássaros e roedores – todos mortos e amarrados em uma vara de bambu. Os animais eram oferecidos aos viajantes, interessados em transformá-los em sua próxima refeição. Na África Central e Ocidental, o consumo de carne de animais selvagens – bushmeat – ainda é uma prática comum, trazendo graves riscos para a saúde da população.

Para chegar ao parque nacional Monte Alen precisamos cruzar uma concessão madeireira. As tristes imagens de animais mortos foram substituídas pelas longas toras de madeira tombadas, à espera de um caminhão que as leve ao porto. De lá partem para a Europa, Índia ou China. A floresta tropical continua a ser definhada.

Mas nem tudo é destruição no país de Obiang. Junto com colegas conservacionistas, uma das nossas missões era encontrar – e, se possível, fotografar e filmar – a maior rã do mundo, a Conraua goliath, que vive, em seu ambiente natural, às margens dos rios turbulentos da Guiné Equatorial.

Depois de uma hora de caminhada no mato, chegamos à beira do rio Wele. Do outro lado estava o parque nacional, teoricamente uma área protegida. Para cruzar o rio, usamos uma canoa. Já era o final da tarde, quando chegamos na primeira cascata, habitat da rã Golias. Tive apenas 90 segundos para fotografar as cachoeiras e fui interrompido por uma tremenda trovoada que quase arrebentou meus tímpanos. Imediatamente, uma tempestade derramou-se sobre todos. A pesada e escura nuvem não somente trouxe chuva como também escuridão. Nem pensar em buscar anfíbios.

Chegamos a uma casa de madeira abandonada, com inúmeras tábuas podres, mas um teto com poucos furos. Encharcados, colocamos nosso equipamento em lugar seguro e nos deparamos com uma nova surpresa. Uma pessoa que não fazia parte de nossa equipe estava cercada por nossos ajudantes. “Esse homem estava caçando dentro do parque nacional”, afirmou um dos guarda-parques em espanhol. “Quando chegamos, ele estava com um antílope e uma tartaruga dentro de seu cesto de palha”, disse outro. Os animais ainda estavam vivos, pois haviam sido capturados com uma armadilha. Fiz questão de soltar a tartaruga, uma a menos para cair na panela.

Nossa atenção volta-se às rãs: ninguém havia visto nenhuma na cachoeira. Como o animal é noturno, alguém terá de procurar o anfíbio à noite.

Lá pelas duas horas da manhã ouvimos vozes. Alguém chegava no acampamento. Fui ver o que estava acontecendo e descobri que o visitante estava feliz, exibindo um sorriso de vencedor. Em uma de suas mãos ele segurava uma rede de pescar, uma espécie de tarrafa. A outra mão agarrava um saco e, pelo movimento, com alguma coisa viva dentro.

Em poucos minutos elucidamos a equação. Nelson, o visitante, vivia em um dos vilarejos fora do parque. Ao cair da noite, ele caminhou até o rio, cruzou-o e seguiu a trilha até a cachoeira. Lá, no habitat da Golias, Nelson demonstrou que era um bom pescador. Com sua tarrafa, conseguiu capturar dois espécimes.

 Na manhã seguinte, levamos as duas rãs de volta à cachoeira. A maior delas pesava mais de dois quilos e, esticada, media 60 centímetros. Era grande mesmo. Fotografamos a rã nas nossas mãos, pois não sabíamos como seria a reação dela ao ser liberada. Com cuidado, colocamos a rã em uma pedra, nos afastamos lentamente e começamos a clicar. O anfíbio ficou imóvel por alguns segundos, mas, num piscar de olhos, deu um tremendo salto, passando por cima de nossas cabeças e mergulhando de volta no rio turbulento.

Infelizmente, a rã Golias, além de ser consumida localmente como carne, também é procurada por colecionadores e pode valer até três mil dólares no mercado negro. O governo da Guiné Equatorial deveria usar também seus petrodólares para proteger a natureza e agir para que essa espécie única não desapareça do planeta.


Camadas e estrutura da Terra

Sabe-se que a Terra, uma esfera ligeiramente achatada, não é homogênea. O furo de sondagem mais profundo que já se fez na crosta terrestre atingiu 12 km de profundidade, um valor insignificante para um planeta que tem mais de 6.000 km de raio. Mas, dispomos de informações obtidas por medições indiretas, através do estudo de ondas sísmicas, medidas na superfície. Elas mostram que nosso planeta é formado por três camadas de composição e propriedades diferentes, a crosta, o manto e o núcleo.  
Essas camadas, por sua vez, possuem algumas variações e são, por isso, subdivididas em outras, como mostra a figura 1.

Fig. 1 - A estrutura interna da Terra
Fig. 1 - A estrutura interna da Terra

A crosta terrestre

A crosta é porção externa da Terra, a mais delgada de suas camadas e a que conhecemos melhor. Ela é tão fina em relação ao restante do planeta que pode ser comparada à casca de uma maçã em relação à maçã inteira.
Embora seja composta de material rochoso, portanto sólido e aparentemente de grande resistência, é, na verdade, muito frágil.
Sua espessura é variável, sendo maior onde há grandes montanhas e menor nas fossas oceânicas. Sob os oceanos, a crosta costuma ter cerca de 7 km de espessura; sob os continentes, ela chega a 40 km em média. As espessuras extremas estão em 5 e 70 quilômetros. 
Está dividida em crosta continental e crosta oceânica, com composições diversas e espessuras diferentes.
A crosta continental é formada essencialmente de silicatos aluminosos (por isso era antigamente chamada de sial) e tem uma composição global semelhante à do granito. Mede 25 a 50 km de espessura e as ondas sísmicas primárias nela propagam-se a 5,5 km/s.
A crosta oceânica é composta essencialmente de basalto, formada por silicatos magnesianos (por isso antigamente chamada de sima). Tem 5 a 10 km de espessura e é mais densa que a crosta continental por conter mais ferro. As ondas sísmicas têm nela velocidade de 7 km/s.
Quase metade (47%) deste envoltório da Terra é composta de oxigênio. A crosta é formada basicamente de óxidos de silício, alumínio, ferro, cálcio, magnésio, potássio e sódio. A sílica (óxido de silício) é o principal componente, e o quartzo, o mineral mais comum nela.
A crosta está dividida em muitos fragmentos, as placas tectônicas (Fig. 2). Há 250 milhões de anos, todos os contentes estavam unidos, formando uma só massa continental, a Pangea. Essa massa começou a se fragmentar e ao longo de algumas centenas de milhões de anos deu origem aos continentes e oceanos atuais. As placas flutuam sobre o manto, mais precisamente sobre a astenosfera, uma camada plástica situada abaixo da crosta. Movimentam-se continuamente, alguns centímetros por ano. Em algumas regiões do globo, duas placas se afastam uma de outra e em outros, elas se chocam.


O manto

Logo abaixo da crosta, está o manto, que é a camada mais espessa da Terra. Ele possui uma espessura de 2.950 quilômetros e formou-se há 3,8 bilhões de anos.
Na passagem da crosta para o manto, a velocidade das ondas sísmicas primárias sofre brusca elevação. Essa característica é usada para marcar o limite entre uma camada e a outra, e a zona onde ocorre a mudança é chamada de Descontinuidade de Mohorovicic (ou simplesmente Moho), em homenagem ao cientista que a descobriu, em 1910.
O manto divide-se em manto superior e manto inferior. O superior tem, logo abaixo da crosta, uma temperatura relativamente baixa (100 °C) e uma consistência similar à da camada acima, com velocidade de ondas sísmicas de 8,0 km/s. No manto inferior, porém, esta velocidade aumenta para 13,5 km/s, com temperatura bem mais alta, chegando a 2.200 ºC (3.500 °C segundo outros autores) perto do núcleo.
Essa diferença na velocidade sísmica traduz uma mudança na composição química das rochas. De fato, os minerais que compõem o manto são muito ricos em ferro e magnésio, destacando-se os piroxênios e as olivinas. As rochas dessa porção da Terra são principalmente peridotitos, dunitos e eclogitos, pobres em silício e alumínio quando comparadas com as rochas da crosta.
Abaixo de 100 km de profundidade, o manto mostra sensível redução na velocidade das ondas sísmicas. Como não há grande variação na composição química das rochas, essa redução da velocidade significa que abaixo de 100 km as rochas estão parcialmente fundidas, o que diminui bastante sua rigidez.  
A crosta, juntamente com a porção rígida do manto, é chamada de litosfera (esfera rochosa). Já a parte do manto de baixa velocidade e bem mais quente (até 870º C) é chamada de astenosfera (esfera sem força). É ela quem permite às placas tectônicas se movimentarem. Essas placas são, portanto, pedaços de litosfera, não de crosta apenas. 
Ao contrário do contato crosta/manto, que é bem definido, o contato litosfera/astenosfera e gradual e não tem limites muito exatos. 
A astenosfera é a responsável pelo equilíbrio isostático, que leva os blocos da crosta que recebem mais material na superfície a afundarem e os que, ao contrário, são erodidos a subirem. Sua densidade varia de 3, 2 (perto da litosfera) a 3,7 (a 400 km de profundidade).
Há, no manto terrestre, alguns pontos mais quentes que o restante, chamados de hot spots (pontos quentes). Nesses locais, o material do manto tende sempre a subir e atravessar a crosta. Quando ele consegue isso, forma-se na superfície da Terra um vulcão. Como a crosta é formada de placas em movimento, esse vulcão, com o tempo, sai de cima do ponto quente e, ao ocorrer nova erupção, forma-se outro vulcão. Isso pode repetir-se várias vezes, e o resultado é uma fileira de vulcões, dos quais só o último (e mais jovem) está em atividade.


O Núcleo

Esta é a mais profunda e menos conhecida das camadas que compõem o globo terrestre. Assim como o manto e a crosta estão separados pela Descontinuidade de Mohorovicic, o manto e o núcleo estão separados por outra, a Descontinuidade de Gutenberg, que fica a 2.700-2.890 km de profundidade.
Acredita-se que o núcleo terrestre seja formado de duas porções, uma externa, de consistência líquida e outra interna, sólida e muito densa, composta principalmente de ferro (80%) e níquel (por isso, era antigamente chamada de nife).  
O núcleo externo tem 2.200 quilômetros de espessura e velocidade sísmica um pouco menor que o núcleo interno. Deve estar no estado líquido, porque nele não se propagam as ondas S, e as ondas P têm velocidade bem menor que no manto sólido. 
O núcleo interno deve ter a mesma composição que o externo, mas, devido à altíssima pressão, deve ser sólido, embora com uma temperatura de até 5.000 °C (um pouco inferior à temperatura da superfície do Sol). Tem 1.250 km de espessura.
O núcleo da Terra gira, como todo o planeta, e os cientistas acreditam que isso gere uma corrente elétrica. Como uma corrente elétrica gera sempre um campo magnético, estaria aí a explicação para o magnetismo terrestre, que faz nosso planeta comportar-se como um gigantesco ímã. Estudos recentes mostram que o núcleo interno gira um pouco mais depressa que o resto do planeta.


FONTES CONSULTADAS


ASSUMPÇÃO, Marcelo & DIAS NETO, Coriolano M. Sismicidade e estrutura interna da Terra. In: TEIXEIRA, Wilson et al. org. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. 568p. il. p. 47-50.
BAUMAN, Ammy. Núcleo e crosta terrestres. Trad. Carolina Caíres Coelho. Barueri (SP): Girassol, 2008. 29 p. il. (Planeta Terra)
DICIONÁRIO Livre de Geociências. www.dicionario.pro.br. Acessado em 29.07.2009
WIKIPÉDIA em português. Acessada em 29.07.2009.


Alterado em: 28/08/2014


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Os Paulistas estão sendo enganados pelo Governo.

Em vez de ter divulgado  (4.jan) o dado de 5,2% de armazenamento de água no sistema Cantareira, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) deveria ter indicado 24,1% negativos em relação ao volume útil original desse conjunto de reservatórios antes de começar a ser usado o chamado volume morto, segundo Antonio Carlos Zuffo, professor de engenharia hidráulica da Unicamp.

"Essa forma que está sendo empregada para informar à sociedade o armazenamento do Cantareira equivale a um extrato bancário que não mostra o saldo devedor de uma conta corrente que está negativa no cheque especial", diz Zuffo. Desde maio do ano passado, a Sabesp tem bombeado águas abaixo do nível de captação do chamado "mínimo operacional" desse sistema que chegou a abastecer cerca de 10 milhões de habitantes da Grande São Paulo e hoje atende a 6,5 milhões de pessoas.

Os 24,1% negativos calculados pelo pesquisador representam o déficit de 237,04 bilhões de litros do sistema registrado ontem, considerando o esgotamento do seu volume útil, que é de 982,07 bilhões de litros. Os 5,2% positivos são indicados pela Sabesp em relação aos 50,09 bilhões de litros que restam da parte do volume morto autorizada para uso.

Na página "Situação dos Mananciais" da companhia, os percentuais diários são mostrados sem indicação dos volumes aos quais eles se referem e do déficit do sistema.

Além de prejudicar a compreensão do público sobre a situação real do armazenamento do Cantareira, os percentuais positivos sobre esse sistema divulgados pela Sabesp em sua página são inadequados também para orientar e mobilizar a população na atual crise de abastecimento, segundo Zuffo.

Em nota, a companhia de abastecimento do governo paulista defendeu os percentuais positivos diários divulgados em seu site, afirmando que

"(…) não utiliza percentual negativo, mesmo com a utilização da primeira e da segunda cotas da reserva técnica, pois na prática o Cantareira tem água disponível atualmente".

ALTO TIETÊ

Jefferson Nascimento de Oliveira, professor de engenharia hidráulica da Unesp de Ilha Solteira, concorda com a crítica aos indicadores a Sabesp. Para ele, os percentuais diários da companhia sobre o nível do Cantareira "mascaram e atenuam a gravidade não só da disponibilidade de água nesse sistema, mas também do comprometimento da sua segurança de seu potencial de produção hídrica". "O sistema está sob o risco de colapso", afirma.

O pesquisador da Unesp também concorda com a forma de seu colega da Unicamp para calcular o armazenamento de água nesse sistema, que resulta em indicadores negativos. "Isso vale também para o sistema Alto Tietê, cujo volume morto já começou a ser usado", diz Oliveira.

Júlio Cerqueira Cesar Neto, professor aposentado de hidráulica da USP e ex-diretor de planejamento do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo) no governo de Franco Montoro (1983-1986), concorda com as críticas de Zuffo e Oliveira aos percentuais da Sabesp. Segundo ele, esses dados são "incompatíveis com a transparência de informação da qual precisávamos antes de chegar à crise atual e que agora é mais necessária ainda".

DIFERENÇA

Além de contestar os indicadores positivos do Cantareira, os dois pesquisadores têm um segundo motivo para desaprovar seu uso. Para calcular esses percentuais diários, a Sabesp se baseia apenas nos 982,07 bilhões de litros de capacidade útil do sistema, sem considerar os 287,5 bilhões do volume morto já disponibilizados para consumo desde o ano passado.

A Sabesp tem afirmado que seus índices sobre o Cantareira consideram o volume morto em uso. No entanto, na fração do cálculo desses percentuais a companhia tem computado somente no numerador o acréscimo por bombeamento, mantendo o mesmo denominador que já usava antes de começar a usar águas mais profundas a partir de 15 de maio do ano passado.

Matematicamente, isso equivale a despejar a água de um balde em um outro, de capacidade maior, e afirmar que o percentual de volume de líquido no segundo recipiente é igual ao do que havia no primeiro.

Em relação aos dados de ontem, por exemplo, mesmo que fosse aceitável usar os percentuais positivos —ou seja, sem mostrar o "saldo devedor" do sistema Cantareira— os 5,2% divulgados pela Sabesp para indicar os 50,09 bilhões de litros ainda disponíveis de "cheque especial", teriam de ser corrigidos para 4,0%.

Essa divergência já havia sido noticiada pela Folha no ano passado poucos dias após o início do bombeamento do volume morto ("Sabesp e grupo de crise divergem sobre nível de água do Cantareira", 20.mai.2014). Este blog retomou o problema em outras postagens ("A água ainda não acabou, mas a informação já", 20.out.2014).

EXPLICAÇÃO

Em nota, a Sabesp afirma que "defende como correta" sua conta, apesar de reconhecer que o restante de água em bombeamento não faz parte do volume útil original, que é usado como base do cálculo de seu percentual. Segundo a companhia,

"em relação ao percentual da reserva técnica, não se trata de uma quantidade integralizada e sim agregada, ou seja, esta água está sendo usada no momento, mas não faz parte do volume normal do sistema".

Para explicar o cálculo de seus percentuais positivos, a Sabesp afirmou que ele se baseia nos seguintes dados:

a) Volume útil originário total – 982,07 milhões de m3
b) Reserva estratégica – 287,5 milhões de m3
c) Volume de água acrescentado – cerca de 29% do volume útil originário

A nota, no entanto, não indica o volume ainda disponível ao qual se refere seu percentual, nem outro dado para obtê-lo, ainda que indiretamente, como o déficit de água em relação à capacidade útil original do sistema.

A Sabesp não comentou as afirmações dos entrevistados sobre prejuízo dos indicadores para a compreensão e orientação da população.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Sugestão de atividade

Leia atentamente os versos da banda de pop rock dos anos 90 e analise as imagens:

3º Plural - Engenheiros do Hawaii

Corrida pra vender cigarro
Cigarro pra vender remédio
Remédio pra curar a tosse
Tossir, cuspir, jogar pra fora

Corrida pra vender os carros
Pneu, cerveja e gasolina
Cabeça pra usar boné
E professar a fé de quem patrocina

Eles querem te vender
Eles querem te comprar
Querem te matar (de rir)
Querem te fazer chorar

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

Corrida contra o relógio
Silicone contra a gravidade
Dedo no gatilho, velocidade
Quem mente antes diz a verdade

Satisfação garantida
Obsolescência programada
Eles ganham a corrida
Antes mesmo da largada

Eles querem te vender
Eles querem te comprar
Querem te matar (a sede)
Eles querem te sedar

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

Vender, comprar, vendar os olhos
Jogar a rede... contra a parede
Querem te deixar com sede
Não querem te deixar pensar

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?







01- A música do poeta Humberto Gessinger juntamente com as imagens nos remetem a uma realidade brasileira e mundial. 
Elabore um texto argumentativo sobre essa temática. Minimo 20 linhas 

02- Extraia fragmentos do texto que evidenciam a relação consumo x mídia presentes na letra. Quem são eles? Use seus argumentos para responder as dúvidas do autor. 


domingo, 1 de fevereiro de 2015

Por quê a Dilma mantém Graça Foster na Petrobras?

A presidente da Petrobrás, Graça Foster, sofreu mais um grande desgaste nesta semana ao divulgar avaliação de que ativos da estatal estariam inflados em R$ 88,6 bilhões. E sua imagem no Palácio do Planalto piorou ainda mais com as declarações de que a exploração de petróleo cairá "ao mínimo necessário" e de que haverá corte de investimentos e desaceleração de projetos.

Mesmo assim, a presidente Dilma Rousseff e os ministros que a cercam entendem que, apesar dos problemas e da sustentação política da executiva ter descido mais um degrau, é importante a permanência de Graça no cargo para continuar na função de colchão, uma barreira para evitar que a crise da empresa atinja o Palácio do Planalto e a presidente Dilma diretamente.

"Foi mais um desgaste", disse um interlocutor direto da presidente Dilma, ao revelar que, apesar disso, "não há nenhum sinal" de que o comando da empresa será alterado. O núcleo palaciano sabe, no entanto, que vão aumentar as pressões pela substituição de Graça e a diretoria da empresa.

Dilma, no entanto, continua a resistir às pressões porque acredita na capacidade e na honestidade de Graça Foster, além do que a eventual saída levaria a crise para dentro do Palácio.

Perdas e danos. Por essa avaliação, Graça Foster teria agido de forma ingênua ao revelar a estimativa de R$ 88,6 bilhões de perdas potenciais com ativos superavaliados.

Além disso, lembra-se nos bastidores que os números contabilizados como ligados à corrupção na empresa eram da ordem de R$ 4 bilhões. Da forma como Graça apresentou, ficou parecendo que todos os R$ 88,6 bilhões se referiam a desvios.

Nessa conta, está embutida também a variação em dólar do preço do petróleo e de projetos mal planejados. A justificativa de Graça era de que o mercado cobrava este dado e que, ao apresentar o número, liquidaria esta questão de uma só vez. Tudo isso, no entanto, acabou causando um dano à imagem da Petrobrás.

Ao anunciar que os investimentos serão reduzidos e a exploração de petróleo cairá "ao mínimo", Graça Foster foi na contramão do últimos discursos da presidente Dilma, seja na sua diplomação, na posse ou mesmo na última terça-feira, durante a primeira reunião ministerial.

Em todas estas oportunidades, além da presidente ter falado na melhoria da governança da empresa, Dilma reiterou que a Petrobrás "é a mais estratégica para o Brasil e a que mais contrata e investe no País".

Fragilidade. A declaração de Graça Foster foi entendida como mais um sinal de fragilidade, já que demonstraria a desaceleração da atividade primordial de buscar novas áreas de produção.

Mas, apesar de todos os problemas, os interlocutores da presidente Dilma insistem que, no momento não há nenhuma intenção de mudar a direção da empresa, até porque haveria muito dificuldade em encontrar um nome para substituir Graça Foster.  As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.